Folha de S. Paulo


Revista do Estado Islâmico imagina como facção teria agido na 2ª Guerra

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Capa do numero 15 da revista Dabiq, publicação do Estado Islamico
Capa do número 15 da revista 'Dabiq', publicação da facção terrorista Estado Islâmico

O novo número da revista "Dabiq", publicada pela organização terrorista Estado Islâmico, expõe sua visão particular da história, detalhando como essa milícia teria agido em momentos como a Segunda Guerra ou a abolição da escravidão.

O texto de título "Pela Espada" ridiculariza o espanto entre países ocidentais diante de como a milícia usa a religião para justificar a violência. "Espalhar a lei de Deus pela espada é uma obrigação encontrada no Alcorão, a palavra de nosso senhor", segundo a revista.

O uso da violência é, para o artigo, o que distingue muçulmanos de outros fiéis. Assim, caso o Estado Islâmico tivesse lutado contra japoneses e vietnamitas ou "invadido a terra dos nativos americanos", o resultado teria sido outro, "sem a necessidade politicamente correta de desculpar-se anos depois".

O que é Estado Islâmico

Os autores da revista fantasiam a respeito desse mundo em que seus militantes teriam liderado esses conflitos históricos. No Japão, por exemplo, a conversão ao islã teria sido obrigatória. Caso houvesse resistência, "talvez outra bomba [nuclear] pudesse mudar a opinião deles".

Aos vietnamitas restariam duas opções: o islã ou o napalm. Quanto aos nativos americanos, eles teriam sido escravizados, e suas mulheres, violentadas "para produzir uma nova geração de combatentes", diz o texto.

A revista terrorista "Dabiq" detalha também o cenário que imagina aos judeus da Europa, em um massacre "que faria o Holocausto parecer uma história de ninar, e suas mulheres seriam obrigadas a servir aos assassinos de seus maridos e pais".

O que é Estado Islâmico

Caso pudesse ter decidido a história, o Estado Islâmico não teria, além disso, abolido a escravidão. A venda de escravos teria continuado, "sustentando uma forte economia".

REVISTA

A "Dabiq" foi publicada pela primeira vez em julho de 2014, logo após o Estado Islâmico anunciar a criação do que considera como um califado islâmico –não reconhecido no restante do mundo. Seu território, em processo de redução devido aos ataques internacionais, espalha-se entre a Síria e o Iraque.

A revista é publicada em inglês e é facilmente encontrada na internet. Diversos projetos de combate ao terrorismo compilam e analisam a publicação, atualmente em seu 15º número. Edições anteriores foram fonte de detalhes sobre atentados realizados por essa organização.

O nome da publicação, Dabiq, refere-se a uma cidade síria em que, segundo tradições islâmicas, será travada uma batalha apocalíptica entre cristãos e muçulmanos.

O Estado Islâmico baseia suas ações terroristas em uma visão radical do islã, não compartilhada pelos demais seguidores dessa religião, aparentada do judaísmo e do cristianismo. Os muçulmanos representam quase 25% da população mundial.


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