Folha de S. Paulo


Em visita a Auschwitz, papa pede a Deus que 'perdoe tamanha crueldade'

Gregorio Borgia/Associated Press
Pope Francis, background, is framed by a barbed wire as he prays in front of the Memorial at the former Nazi Death Camp Auschwitz-Birkenau, in Oswiecim, Poland, Friday, July 29, 2016. Pope Francis paid a somber visit to the Nazi German death camp of Auschwitz-Birkenau Friday, becoming the third consecutive pontiff to make the pilgrimage to the place where Adolf Hitler's forces killed more than 1 million people, most of them Jews. (AP Photo/Gregorio Borgia) ORG XMIT: GB130
Papa Francisco, em vista ao antigo campo de concentração de Auschwitz, na Polônia

O papa Francisco visitou, nesta sexta (29), o campo de concentração de Auschwitz, na cidade de Oswiecim, na Polônia. Ali, o pontífice rezou silenciosamente em memória a 1,5 milhão de pessoas, a maioria judeus, mortos no local pelos nazistas na Segunda Guerra.

Em seu terceiro dia de viagem à Polônia, onde participa da Jornada Mundial da Juventude, Francisco passou alguns minutos conversando e trocando presentes com 12 sobreviventes do campo, incluindo uma mulher de 101 anos.

Um dos homens deu ao papa uma foto de si mesmo com outros presos em uma beliche, e pediu que ele a assinasse. O pontífice beijou todos os sobreviventes.

Francisco, 79, não fez nenhum pronunciamento enquanto andava pelos corredores escuros do bloco 11 de Auschwitz, que abrigava presos escolhidos para punições especiais.

Em um livro de visitas no local, o papa Francisco escreveu em espanhol: "Senhor, tenha piedade de seu povo. Senhor, perdoe tamanha crueldade".

Papa na Polônia

As forças de ocupação nazistas criaram o campo de Auschwitz-Birkenau durante a Segunda Guerra Mundial em Oswiecim, a cerca de 70 quilômetros da segunda maior cidade polonesa, Cracóvia, no sul do país.

Entre 1940 e 1945, Auschwitz se desenvolveu em um vasto complexo de quartéis, oficinas, câmaras de gás e crematórios.

Com ajudantes usando lanternas para iluminar o caminho, o papa visitou a cela subterrânea onde o monge franciscano Maksymilian Kolbe foi morto após oferecer sua vida para salvar um polonês a quem os funcionários do campo haviam escolhido para morrer de fome.

Em julho de 1941, o diretor do campo, em retaliação à fuga de um dos prisioneiros, sentenciou outros dez à morte por inanição.

Kolbe se ofereceu para morrer no lugar de um deles e foi assassinado por injeção letal, mas o homem a quem salvou sobreviveu à guerra. O monge foi canonizado em 1982 pelo então papa João Paulo 2º, também polonês.

O pontífice também visitou Birkenau, uma parte do campo onde a maioria dos assassinatos foi cometida em câmaras de gás.

Ele andou entre torres de guarda, cercas de arame farpado e escombros dos crematórios, destruídos pelos nazistas antes da liberação do campo pelo exército soviético, em janeiro de 1945.

O papa ouviu silenciosamente a fala do chefe do rabinato polonês, Michael Schudrich, e um padre recitou salmos a cerca de 130 metros do local onde eram trazidos milhares de prisioneiros para o campo.

Durante uma visita a uma sinagoga em Roma, em janeiro, Francisco pediu aos católicos que rejeitem o antissemitismo e disse que o Holocausto, no qual seis milhões de judeus foram mortos, deve lembrar a todos de que os direitos humanos devem ser defendidos com "vigilância máxima".


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