Folha de S. Paulo


Indonésia se prepara para executar 14 condenados em casos de drogas

A Indonésia se prepara para executar 14 condenados por crimes relacionados a drogas, apesar dos apelos de grupos de direitos humanos, da comunidade internacional e de familiares dos presos.

O governo indonésio não divulgou a lista oficial dos que deverão ser executados, mas a Procuradoria-Geral do país informou que seriam 14 pessoas.

Nomes de quatro nacionais da Indonésia, seis da Nigéria, dois do Zimbábue, um da Índia e um do Paquistão foram divulgados por um instituto que atua na defesa de pessoas que estão no corredor da morte.

Se confirmada a execução, esse será o terceiro grupo de executados sob o mandato do presidente Joko "Jokowi" Widodo, que acelerou o ritmo de fuzilamentos no país.

No ano passado, 14 pessoas foram executadas, entre elas dois brasileiros: Marco Archer e Rodrigo Gularte.

Um comboio de ambulâncias, a maior parte carregando caixões, chegou na manhã desta quinta (28) à cidade portuária que fica mais próxima da ilha que abriga a prisão onde ocorrem as execuções.

Beawiharta/Reuters
A protester holds a candle during a demonstration against Indonesia's decision to execute 14 drug convicts in front of the Presidential Palace in Jakarta, Indonesia, July 28, 2016. REUTERS/Beawiharta ORG XMIT: GGGBEA04
Protesto em Jacarta, nesta quinta (28), contra a execução de 14 pessoas em casos de drogas

CRÍTICAS

A União Europeia e o Alto Comissariado das Nações Unidas para Direitos Humanos fizeram apelos à Indonésia para que declarasse uma suspensão imediata das execuções. Os governos do Paquistão e da Índia informaram que tentam reverter a decisão de execução de seus nacionais.

Na cidade de Cilacap, próxima da ilha onde ocorrerá as execuções, a cunhada de Michael Titus, um nigeriano condenado à morte, disse que a mulher de Titus esperava poder vê-lo uma última vez. "Ainda lutamos para conseguir justiça para nossa família", disse a mulher que se identificou como Nila. "Ele não está sozinho. Ele tem mulher, filhos."

Do Paquistão, a irmã de Zulfikar Ali fez um apelo emocionado para que o caso fosse revertido. "Meu irmão não é um traficante de drogas, juro que ele é inocente", disse Sajida Bibi. "Quero ver meu irmão vivo", disse entre muitas lágrimas. "Não enviem o corpo dele para nós."

Advogados e grupos de direitos humanos levantam dúvidas sobre a legitimidade das condenações em vários dos casos de tráfico de drogas, incluindo o do paquistanês Ali.

O porta-voz da Procuradoria-Geral da Indonésia, Muhammad Rum, diz que as execuções são a "implementação positiva de nossas leis" e não serão atrasadas ou interrompidas. "Todos eles tiveram suas chances em todas as fases", disse.


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