Folha de S. Paulo


Merkel diz que refugiados autores de ataques 'zombam de quem os acolheu'

Hannibal Hanschke/Reuters
Chanceler alemã, Angela Merkel, descarta crise do sistema bancário italiano
A chanceler alemã, Angela Merkel, afirmou que terroristas querem minar acolhida de refugiados

A chanceler Angela Merkel afirmou nesta quinta (28) que os terroristas que atacaram a Alemanha na última semana procuram diminuir a disposição do país para acolher refugiados e que seu governo é contra o bloqueio da entrada de quem procura asilo.

Durante entrevista coletiva em Berlim, ela disse ainda que a Alemanha fará "tudo o que for humanamente possível" para garantir a segurança dos cidadãos após os ataques. "Eles [os terroristas] veem o ódio e o medo entre as culturas e entre as religiões. Nós nos colocamos contra isso", afirmou. "Os refugiados que atacaram o país zombam de quem os acolheu."

"Os terroristas querem que percamos de vista o que é importante, aniquilar nossa coesão e senso de comunidade, além de inibir nosso estilo de vida, nossa abertura e nossa vontade de acolher quem precisa", afirmou.

A chanceler ainda disse que o país irá "manter seus princípios" e dar abrigo a quem merece. Merkel interrompeu suas férias, iniciadas no último fim de semana, para responder a críticas a respeito da política de refugiados no país.

Ela enfrenta desaprovação de políticos da direita e da esquerda devido a medidas que garantiram apoio aos migrantes e permitiu a entrada de mais de 1 milhão deles no último ano.

A chanceler foi a responsável pela articulação de um acordo entre a União Europeia e a Turquia, em abril deste ano, que regulou a entrada de refugiados que tentam escapar de conflitos em países como a Síria e o Afeganistão.

Pelo acerto, a Turquia passou a receber de volta todos os migrantes e refugiados que forem pegos cruzando ilegalmente o mar Egeu rumo à Grécia –mesmo aqueles que conseguirem chegar a alguma das ilhas gregas.

Em contrapartida, a UE terá de respeitar a regra do "um por um": a cada refugiado sírio que retorne à Turquia, um outro que já estiver em acampamentos turcos será reassentado em algum país-membro do bloco. Quem não tentou entrar antes ilegalmente na Europa terá prioridade na lista.

ATAQUES

No domingo (24), 12 pessoas ficaram feridas –três em estado grave– após uma explosão registrada na cidade de Ansbach, perto de Nuremberg, na Alemanha. O autor do ataque, um refugiado sírio de 27 anos que teve seu pedido de asilo no na Alemanha negado há um ano, morreu no atentado.

Também no domingo, um refugiado sírio de 21 anos matou uma mulher e deixou outras duas pessoas feridas com um facão na cidade de Reutlingen, no sul da Alemanha.

Os investigadores dizem que não há evidências de que o ataque seja ligado a algum grupo terrorista. De acordo com um porta-voz da polícia, o homem, que buscava asilo na Europa, já esteve envolvido em outros delitos. Ele não informou, contudo, quando ele chegou à Alemanha e quando os incidentes anteriores ocorreram.

Na sexta-feira (22), Ali David Sonboly, jovem de 18 anos com dupla nacionalidade -alemã e iraniana-, atirou em um shopping de Munique, deixando nove mortos e 35 feridos. O jovem cometeu suicídio após o ataque. Segundo a polícia, ele não tinha vínculos com o grupo extremista Estado Islâmico.

Já no dia 18, um homem armado com um machado e uma faca feriu quatro pessoas em um trem na cidade de Würzburg, no sul da Alemanha. O agressor, um adolescente afegão de 17 anos que buscava asilo na Europa, foi morto pela polícia. Horas depois, o Estado Islâmico assumiu a autoria do ataque no trem.


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