Folha de S. Paulo


Bloomberg defende Hillary e diz saber identificar 'vigaristas como Trump'

Gary Cameron/Reuters
Michael Bloomberg discursa durante convenção democrata, na Filadélfia
Michael Bloomberg discursa durante convenção democrata, na Filadélfia

Ex-democrata, ex-republicano e ex-prefeito de Nova York, nessa ordem, Michael Bloomberg foi à Convenção Nacional Democrata para descrever o candidato republicano à Casa Branca, Donald Trump, como um "demagogo perigoso" que precisa ser derrotado.

Um "outsider" que não estava ali para "endossar a plataforma de nenhum partido", Bloomberg afirmou que é "imperativo" eleger a presidenciável Hillary Clinton.

Bloomberg, 74, é a oitava pessoa mais rica do mundo na lista da "Forbes" (tem US$ 47,7 bilhões, ou 11 vezes a fortuna de Trump, segundo a publicação).

Usou suas credenciais de empresário bem-sucedido para atacar Trump, que coleciona "falências, processos e contratantes que se sentem traídos".

"Ele diz que quer administrar o país como gerencia seus negócios? Deus nos livre."

A uma plateia lotada de democratas, ele disse que "nenhuma legenda tem o monopólio de boas ideias e liderança forte", com o histórico de ter sido filiado aos dois maiores partidos dos EUA.

Bloomberg afirmou que já discordou de Hillary no passado. "Mas, quaisquer que sejam nossas diferenças, devemos colocá-las de lado pelo bem do país. E devemos nos unir em torno do candidato que pode derrotar um demagogo perigoso."

Seu discurso foi uma alfinetada atrás da outra em Trump. "Ele quer deportar [11 milhões de imigrantes], mas não tem problemas em contratá-los", disse, lembrando que o magnata já recorreu à mão de obra estrangeira em seus negócios.

Afirmou que Hillary entende que a presidência "não é reality de TV, mas realidade", fustigando o ex-apresentador de "O Aprendiz".

"Sou um nova-iorquino e identifico um vigarista quando vejo um [...] nem comecei [meus negócios] com um cheque de um milhão do meu pai", disse, tendo o conterrâneo como alvo óbvio.

Bloomberg fez um apelo para que americanos se registrassem para ir às urnas em 8 de novembro. O voto é facultativo no país, e um dos grandes medos das campanhas é que parte considerável da população se abstenha de votar.

O ex-prefeito, ao contrário dos outros oradores da convenção, não é um simpatizante do partido.

Democrata pródigo (era da legenda até 2000), ele durou sete anos como republicano, até trocar o status partidário para independente.

Bloomberg cogitava disputar a Casa Branca como terceira via em 2016, mas desistiu.

Como já adiantara um assessor de Bloomberg, Howard Wolfson, ao "New York Times", Bloomberg decidiu falar usando a "perspectiva de um líder de negócios e de um independente".

Em sua agência de notícias, que leva seu nome, publicou um texto intitulado "O Risco que Eu Não Vou Correr" para se explicar.

Bloomberg temia que sua entrada na corrida poderia dividir votos da eleição e possivelmente favorecer Donald Trump e Ted Cruz, que então disputavam as prévias republicanas.

"Ao longo da história americana, os dois partidos tenderam a escolher candidatos presidenciais que ficam próximos e constroem a partir do centro. Mas essa tradição pode estar acabando. O extremismo está em curso e, a não ser que nós o paremos, nossos problemas em casa e no exterior vão piorar", escreveu.


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