Folha de S. Paulo


Ataque a tiros deixa pelo menos nove mortos em shopping na Alemanha

Ataque a tiros em Munique

Pelo menos nove pessoas morreram e outras 21 ficaram feridas nesta sexta-feira (22) após um atirador abrir fogo dentro e nas imediações de um shopping em Munique, terceira maior cidade da Alemanha.

A polícia identificou o autor como um alemão de origem iraniana de 18 anos que morava em Munique. Ainda não há informações sobre se ele teria relação com algum grupo terrorista nem reivindicação de alguma organização.

Segundo policiais e testemunhas, o ataque começou às 17h50 locais (12h50 em Brasília) na rua Hanauer, em frente à entrada principal do shopping Olympia, um dos maiores de Munique, principal cidade do sul alemão.

Um atirador começou disparando ao lado de um do Mc Donald's, matando duas pessoas antes de cruzar na rua e entrar no shopping por um acesso lateral do centro comercial, na rua Riess. Os investigadores disseram que, em seguida, outras pessoas foram baleadas nos corredores do Olympia.

Dos 21 feridos, 16 continuam hospitalizados, sendo três em estado grave. O autor do ataque matou uma adolescente e feriu crianças. Os nomes das vítimas não serão revelados até que todas as famílias sejam avisadas, afirmou a polícia.

Tiroteio em Munique

Minutos depois, policiais e bombeiros cercaram o centro comercial. Além do reforço na segurança, as autoridades decretaram emergência, interromperam o transporte público e pediram aos moradores que ficassem em casa.

O chefe da polícia, Hubertus Andrä, afirma que houve troca de tiros entre o atirador e os agentes fora do shopping antes de seu corpo ser encontrado, por volta das 20h30 (15h30 em Brasília). Ele teria se suicidado, dizem os agentes.

O nome do atirador não foi divulgado, assim como a arma usada durante o ataque. Segundo Andrä, o homem morava "há bastante tempo" em Munique, não era investigado pelos serviços de inteligência alemães nem tinha antecedentes criminais.

Munique tem uma memória dolorosa de atentados terroristas: nos Jogos Olímpicos de 1972, na cidade, 11 atletas de Israel foram sequestrados, torturados e mortos por extremistas palestinos.

DÚVIDA

Nenhuma organização terrorista havia reivindicado o ataque. Militantes da facção Estado Islâmico comemoraram a ação em fóruns, mas a polícia não via evidências de terrorismo religioso.

A hipótese pode ter sido levantada devido à influência de ataques recentes na Europa, como o do tunisiano que matou 84 pessoas em Nice no dia 14 e o do afegão que feriu cinco em Würzburg dia 22.

Apesar de os três terem vindo de países de maioria islâmica, o mistério sobre a autoria continua no caso de Munique. O Irã, de onde é originário o atirador, é de maioria xiita, diferentemente de Argélia e Afeganistão.

O regime iraniano é um dos principais rivais tanto do Estado Islâmico quanto da rede terrorista Al Qaeda, que consideram os xiitas hereges e, por isso, os matam. Um exemplo de ataque contra os xiitas foi a explosão de um caminhão-bomba reivindicada pelo Estado Islâmico que deixou quase 200 mortos em Bagdá no dia 2.

A chanceler Angela Merkel suspendeu as férias e convocou reunião de emergência com seus ministros neste sábado (23). Em nota, o Itamaraty lamentou o ataque e disse que não havia vítimas brasileiras. O governo colocou à disposição dos brasileiros na região os números 0/xx/61/98197-2284 no Brasil e 00/xx/49/17/3378-3470 na Alemanha.


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