Folha de S. Paulo


'As pessoas despencavam da orla para fugir', diz brasileira em Nice

A menos de 300 metros do local onde um caminhão que atropelou uma multidão foi parado, em Nice (França), a brasileira Jucirema Cunier, 42, viu pessoas despencando da Promenade des Anglais, avenida litorânea da cidade, para dentro do restaurante onde estava.

O restaurante, na praia, fica abaixo do nível da avenida, onde pedestres circulavam por ocasião da queima de fogos em celebração à Queda da Bastilha.

"As pessoas despencaram da calçada para o restaurante. Tinha gente andando no telhado, que fica na altura da calçada", afirmou à Folha.

O atentado deixou ao menos 84 mortos e ao menos 40 feridos nesta quinta-feira (14).

"Os fogos foram lindos, estava uma atmosfera positiva, as pessoas estavam felizes celebrando e, de repente, estavam gritando e caindo no restaurante", disse Cunier. "Teve gente correndo para se abrigar no restaurante e gente correndo para o mar. Foi uma coisa horrorosa."

Segundo a brasileira, entre os que buscaram refúgio no local, havia pessoas feridas. "Com luxação, braço machucado, perna quebrada", disse.

Cunier dise ainda que saiu do restaurante sob escolta policial e caminhou pelas ruas paralelas à avenida, que foi bloqueada. "Eu vi as pessoas mortas cobertas, mas não podia tirar foto. Não podia usar o celular", afirmou.

A brasileira relatou ter passado por diversos checkpoints no caminho de volta, com policiais verificando se as pessoas estavam armadas.

Outra brasileira, Gabriela Rabaldo, 22, estava jantando com a família em uma rua próxima quando viu, do lado de fora, uma multidão correndo.

"Todos tinham expressão de pânico, mães segurando os filhos... Os restaurantes começaram a fechar as portas", disse a estudante à Folha.

"Imaginamos que era um ataque terrorista, mas não tínhamos a dimensão. Só vimos o quão perigoso foi quando saímos e sentimos a tensão na rua."

De acordo com Rabaldo, as ruas ficaram silenciosas, a não ser pelo som das sirenes.

"Uma hora antes, eu tinha ido correr na orla. E agora imagino que as pessoas com quem eu cruzei podem ter sido vítimas", afirmou.

"É muito fácil, nessas situações, fomentar o ódio, mas isso só vai piorar as coisas", disse Rabalo, que está seguindo a orientação de permanecer em casa.

HOSPITAL LOTADO

O brasileiro Anderson Happel, morador de Nice, foi ferido pelo atropelamento. Ele afirmou à BandNews que viu corpos de idosos no local e que pessoas estão sendo atendidas na recepção do hospital.

Happel relatou que aguarda uma ambulância para ser transferido a um estádio, onde uma enfermaria está sendo montada.

Camila Lara, estudante brasileira que estava em Nice para as comemorações, disse à BandNews que houve muita correria no local. "Corremos sem saber o que estava acontecendo", afirmou.

"As pessoas estavam correndo no meio da rua, caindo no meio da rua", afirmou.


Endereço da página:

Links no texto: