Folha de S. Paulo


Governador de Indiana será vice na chapa de Trump, diz 'New York Times'

/John Sommers II/Reuters
Republican presidential candidate Donald Trump (R) and Indiana Governor Mike Pence (L) wave to the crowd before addressing the crowd during a campaign stop at the Grand Park Events Center in Westfield, Indiana, U.S. on July 12, 2016. REUTERS/John Sommers II/File Photo ORG XMIT: TOR331
O candidato republicano, Donald Trump, e o governador de Indiana, Mike Pence, em comício no Estado

O governador de Indiana, Mike Pence, será o vice de Donald Trump, sinalizou a campanha do virtual presidenciável republicano a membros do partido, segundo o "New York Times".

A indicação é recebida com cautela, dado o gosto de Trump por reviravoltas de última hora. O anúncio de quem será o vice ocorrerá às 11h desta sexta (15), em Nova York.

Pence está numa lista encabeçada por três potenciais candidatos a número dois na chapa republicana.

Seus dois adversários, o ex-presidente da Câmara Newt Gingrich e o governador de Nova Jersey, Chris Christie, têm a personalidade polemista do magnata e mais química com ele no palco.

Pence, contudo, seria um aceno à ala conservadora do partido, que questiona as credenciais do magnata nova-iorquino nesse campo.

Trump e ele se encontraram várias vezes nos últimos dias e participaram de um comício juntos na terça (12), em Indiana. No dia seguinte, Trump e três de seus filhos (Eric, Donald Jr. e Ivanka) tomaram café da manhã com o governador.

"É um pouco como 'O Aprendiz' [reality apresentado por Trump]", disse Gingrich à Fox News, ainda no páreo. "Mais cedo ou mais tarde vamos descobrir quem é o último que fica em pé."

UM BOM CONSERVADOR

Mike Pence apoiou o senador Ted Cruz (Texas), evangélico como ele, nas prévias republicanas. Mas o fez com o cuidado de não melindrar sua relação com Trump ("não sou contra ninguém").

Antes de governar Indiana, ele emendou seis mandatos (dois anos cada) como deputado, o que lhe dá algum trânsito em Washington, qualidade apreciada pelo magnata, um neófito em disputas eleitorais.

Seu nome é bem recebido entre conservadores da capital, trupe em geral reticente a Trump.

Se ele fosse escolhido, disse o deputado John Carter, "eu dançaria pelos corredores". Os dois frequentaram o mesmo estudo da Bíblia em Washington.

Religioso, Pence tem histórico de defender medidas que restringem direitos da comunidade LGBT.

Como governador, assinou uma das varias leis estaduais que, ao exaltar a "liberdade religiosa", na prática, permitem praticas discriminatórias à comunidade LGBT –uma empresa, por exemplo, poderia evocar sua fé para demitir um gay ou lhe negar serviço.

Sob fogo nacional, e com empresas (Yelp, Apple, Twitter) e bandas (Wilco) ameaçando boicotar o Estado, o governador voltou atrás e sancionou uma versão revisada do texto, que proíbe uma companhia de usar a legislação para recusar um cliente com base em sua orientação sexual.

Nos tempos de congressista, ele, "comprometido com o direito inalienável à vida, votou contra uma série de medidas que facilitavam o aborto.

Também prezava pela "família tradicional", com casamento entre homem e mulher.

Não é só o perfil conservador que pode somar pontos à candidatura de Trump. Pence é tido como habilidoso na arte de arrecadar fundos, um calcanhar de Aquiles na campanha republicana.

Além de ser próximo, por exemplo, dos bilionários irmãos Koch.

Um deles, Charles Koch, nono homem mais rico do mundo na lista da "Forbes" e aliado de longa data dos republicanos, não disfarça sua aversão a Trump –em abril, disse que a democrata Hillary Clinton possivelmente era um mal menor perto dele.

Mike Pence fortaleceu sua liderança como apresentador de rádio nos anos 1990. Disse certa vez: "Anos atrás, no meu programa, costumava falar: 'Sou um conservador, mas não fico num clima mal-humorado por causa disso'".


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