Folha de S. Paulo


Secretária linha dura se coloca como opção para cargo de premiê britânica

Seria equívoco vincular a sinalização da secretária do interior do Reino Unido, Theresa May, 59, a favor da aliança britânica com a União Europeia a algum tipo de simpatia migratória aos vizinhos de bloco.

Em outubro de 2015, durante discurso na anual conferência do Partido Conservador, May sintetizou sua prioridade de gestão como secretária de David Cameron: a luta pelo controle das fronteiras no Reino Unido.

Str/Xinhua
A secretária do Interior britânica, Theresa May, lança sua campanha em Londres nesta quinta-feira (30)
A secretária do Interior britânica, Theresa May, lança sua campanha em Londres nesta quinta-feira (30)

"Reduzir e controlar imigração está ficando difícil, mas não há motivos para desistir. Como diz nosso manifesto, 'nós temos que trabalhar para controlar a imigração e colocar o Reino Unido em primeiro lugar'".

Nas palavras dela, a imigração em massa "ameaça" a união britânica.

Como secretária, priorizou a redução do saldo migratório entre os que chegam de fora e os britânicos que deixam o Reino Unido.

Em 2013, chegou inclusive a cogitar, sem sucesso, o fim da regra de isenção de visto por seis meses para brasileiros que visitam o país a turismo.

May começou a carreira política em 1986, mas só entrou no Parlamento em 1997 pelo distrito eleitoral de Maidenhead, na região sul inglesa. Casada e sem filhos, estudou em Oxford.

Se destacou por assumir funções nos gabinetes paralelos do Partido Conservador. Subiu na legenda entre 2002 e 2003 como primeira mulher secretária-geral.

May está no governo há seis anos, sendo um dos mais longevos secretários do Interior do Reino Unido.

Devido ao estilo linha dura no governo, alguns veículos locais a classificam, com um certo exagero, como a "nova Margaret Thatcher".

Entretanto, pelo menos até hoje, May é muito mais discreta publicamente em questões políticas do que a ex-premiê. Estilo, aliás, que pode ser capaz de unir um Partido Conservador rachado após o plebiscito sobre a separação da UE.

O racha teve de um lado Cameron, a favor da permanência, e, de outro, o ex-prefeito de Londres Boris Johnson. May, por sua vez, ficou de fora da confusão. Optou por uma postura mais discreta, o que, segundo especialistas, poderá ajudá-la a obter os votos dentro da sigla.

Pesquisas indicam May com mais popularidade que Johnson –que não disputará, o que deve deixá-la sozinha na briga com o secretário de Justiça, Michael Gove.

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OUTROS CANDIDATOS

Leon Neal/AFP

Stephen Crabb, 43
Defensor da permanência do Reino Unido na União Europeia, o secretário do Trabalho prometeu negociar a saída do bloco. Costuma enfatizar sua origem na classe média baixa britânica, em contraste com os adversários

Neil Hall/Reuters

Michael Gove, 48
O secretário de Justiça foi figura importante na campanha pela saída e chegou a apoiar Boris Johnson, mas anunciou candidatura própria. Gove, que já trabalhou como jornalista, era próximo de David Cameron antes do plebiscito

Dylan Martinez/Reuters

Liam Fox, 54
Outro forte defensor da saída do bloco, o ex-secretário de Defesa teve que renunciar ao cargo em 2011 após acusações de que um amigo lobista viajava com ele para compromissos oficiais

Matt Frost/Reuters

Andrea Leadsom, 53
A ministra de Energia afirmou que o Brexit é sua "prioridade absoluta" na campanha pela liderança. Ela defende que a saída pode resultar em acordos comerciais vantajosos para o Reino Unido


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