Folha de S. Paulo


Trump volta a defender tortura para combater terrorismo islâmico

O virtual candidato republicano à Casa Branca, Donald Trump, voltou a sugerir que a tortura seria um dos meios mais eficientes para combater o terrorismo islâmico.

"Precisamos combater fogo com fogo", disse nesta quarta (29), em reação ao atentado no aeroporto de Istambul, cuja autoria ainda não foi reivindicada —autoridades turcas veem a marca do Estado Islâmico no ataque.

Trump pediu a uma plateia em Ohio que vislumbrasse a seguinte cena: "Podem imaginá-los [terroristas], na mesa do jantar, falando sobre como os americanos não usam o 'waterboarding' [simulação de afogamento], e mesmo assim cortamos as cabeças deles?".

Para o bilionário, a resposta dos EUA ao terror é fraca e politicamente correta em excesso.

"Eles provavelmente pensam que somos fracos, estúpidos, que não sabemos o que estamos fazendo, que não temos uma liderança. Sabe, temos que combater fogo com fogo."

Em novembro, o republicano já defendera impor tortura por afogamento simulado a suspeitos de terrorismo. Em fevereiro, foi além: prometeu que, se eleito presidente, aplicaria "um inferno muito pior que isso".

A técnica de tortura consiste em cobrir o rosto de uma pessoa com um tecido e jogar água por cima, o que simula o efeito de asfixia.

Após os atentados de 11 de setembro de 2001, a administração de George W. Bush adotou amplamente a tática, como forma de extrair informações —em vários casos, os torturados eram inocentes.

O presidente Barack Obama a proibiu em seu primeiro ano de mandato, 2009. Trump promete restabelecer a técnica, uma de suas várias propostas polêmicas para lutar contra o terror.

Ele já propôs banir muçulmanos dos EUA, medida que sua campanha estuda recuar para vetar só aqueles provenientes de Estados com histórico de terrorismo.

Também aventou a possibilidade de matar familiares de combatentes —o que seria uma violação de leis internacionais. "Quando [os terroristas] dizem que não ligam para suas vidas, você tem que derrubar suas famílias", afirmou.

Depois voltou atrás, por entender que "os EUA estão submetidos a leis e acordos".

À frente da Casa Branca, contudo, Trump batalharia para flexibilizar leis que barram a tortura. "Porque estamos jogando com dois conjuntos de regras —as deles e as nossas."


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