Folha de S. Paulo


Dividida, Espanha tenta eleger novo premiê pela segunda vez em 6 meses

O comparecimento às urnas nas eleições espanholas deste domingo (26) é bastante mais baixo do que o registrado em dezembro, segundo as informações divulgadas pelo Ministério do Interior.

Os dados dizem respeito ao percentual de eleitores até 18h locais (13h em Brasília). As urnas permanecem abertas até as 20h, e esperam-se os primeiros resultados para em torno das 22h30 (17h30 em Brasília).

Em dezembro de 2015, 58% dos eleitores haviam votado até as 18h. Neste domingo, o número era de 51%. A informação surpreende porque, pela manhã, a taxa de participação era semelhante à do ano anterior.

O menor comparecimento às urnas pode estar relacionado à pouca expectativa de que o voto neste domingo leve a algum avanço no impasse político. É esperado que os resultados sejam semelhantes aos de dezembro.

Essa é a segunda tentativa, em seis meses, de ter um novo primeiro-ministro na Espanha. Em dezembro, nenhuma das forças políticas conseguiu eleger 176 deputados, o necessário para governar. A liderança política tampouco foi capaz de fazer alianças, o que empurrou o país para o segundo pleito.

Apesar da urgência em resolver o impasse político, dias após o Reino Unido decidir deixar o bloco europeu, estima-se que os eleitores espanhóis tenham mais uma vez dividido seu voto entre os quatro principais partidos, sem que nenhum deles seja capaz de formar um governo.

O impasse dos últimos seis meses significou a paralisia do Parlamento, um Executivo provisório com poderes limitados, novos gastos com campanhas e o desânimo da população diante de partidos políticos por ora incapazes de chegar a um consenso.

Na atual situação, a Espanha não pode renovar seu Orçamento, e o investimento público está congelado.

O Partido Popular (conservador), hoje no poder, liderou as eleições anteriores, com 28,7% dos votos. Neste domingo, estimam-se 29%. O Podemos, em uma aliança com o Esquerda Unida, deve ter 26% dos votos, em segundo lugar.

A despeito do resultado, não está claro qual deles poderá governar. As duas outras forças políticas de peso são o PSOE (Partido Socialista Operário Espanhol, centro-esquerda), com estimativa de 20,5% dos votos, e o Cidadãos, com 14,5%.

O novo Parlamento deve ser constituído em 19 de julho. A partir de então, o rei deve reunir-se com os representantes dos partidos e escolher um deles para tentar formar um governo. Não necessariamente precisar ser o partido mais votado, apesar de essa ser a expectativa.

Como ocorreu após as eleições de dezembro, os líderes negociarão entre si para decidir quem será o próximo premiê. Se quiserem evitar o impasse do último pleito, precisarão chegar a novos acordos. Dois meses depois da primeira tentativa de formar governo, novas eleições poderão ser convocadas.

PACTOS

Os desafios políticos espanhóis estão relacionados a um novo cenário, no país. Em dezembro, rompeu-se o bipartidarismo vigente, com o surgimento de duas novas forças políticas, o Podemos e o Cidadãos. Com divergências entre seus líderes, não foi possível formar governo.

Espera-se que, agora, os partidos sejam capazes de cruzar seus limites e negociar. Uma opção seria a aliança entre os esquerdistas PSOE e Podemos. O acordo seria desconfortável para o PSOE, que nesse caso ficaria em segundo plano -o partido era, até então, uma das principais forças do país.

Também pode haver acordos entre o PSOE e o PP, em uma aliança entre os partidos tradicionais do antigo bipartidarismo. Ambos, porém, correriam o risco de desagradar suas bases eleitorais, em especial o PSOE, que já vive o pior momento de sua história em termos de apoio.

PP e Cidadãos poderiam também pactar, mas por ora Albert Rivera, líder do Cidadãos, condiciona esse acordo à saída de Rajoy do poder.


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