Folha de S. Paulo


Cerimônia com operários marca fim de obra no World Trade Center

Rubén Pacheco, 38, viu o "sonho americano" se transformar em "pesadelo". Há 15 anos, assistiu pela TV, de seu apartamento no Bronx, às Torres Gêmeas tombarem "como se 'el diablo' tivesse dado um peteleco nelas".

Nesta quinta-feira (23), o filho de imigrantes porto-riquenhos foi um entre centenas de operários que assinaram seu nome num balde de duas toneladas de concreto, o último da obra do 3 World Trade Center.

Drew Angerer/AFP
Operário do World Trade Center assina seu nome em um bloco de concreto que foi colocado no prédio 3
Operário do World Trade Center assina seu nome em um bloco de concreto que foi colocado no prédio 3

Decorada com uma bandeira dos EUA, a estrutura demorou cinco minutos para alcançar o topo da construção, enquanto uma cantora entoava a patriota "God Bless America".

Com inauguração prevista para 2018, é o quarto edifício erguido no complexo onde, até 2001, havia sete torres, duas delas atingidas pelos aviões sob controle de terroristas da Al Qaeda.

Seus 80 andares o colocam como o oitavo arranha-céu mais alto de Nova York e um dos 282 acima de 150 metros (40 deles em construção), segundo o Skyscraper Center. Grifes como Tiffany's e Montblanc serão inquilinas.

Originalmente, o local abrigava um hotel ensanduichado pelas torres principais, o Marriott, que veio abaixo nos atentados de 11 de Setembro de 2001, quando quase 3.000 pessoas morreram.

A construção já havia sido bastante avariada quando um carro com 700 quilos de explosivos estacionou numa garagem do World Trade Center, em 1993.

Orçado em US$ 2,75 bilhões, o novo edifício enfrentou a crise dos anos 2000, quando os financiamentos secaram. "Acabei de fazer 85 anos e este projeto continua sendo a paixão da minha vida", diz o investidor Larry Silverstein.

IMIGRAÇÃO

O operário Pacheco, que também ajudou a construir o estádio dos Yankees, time de beisebol querido pelos nova-iorquinos, diz que ganha US$ 43 por hora (seis vezes o salário mínimo nacional) para trabalhar na obra.

Na mão, o celular, para tirar fotos que vão direto para redes sociais, e um prato do "churrasco" oferecido à equipe (hambúrguer e cachorro-quente).

"Nós sempre voltamos mais fortes", afirma Pacheco, lembrando do recente ataque à boate gay Pulse, em Orlando, que matou muitos "irmãos" de Porto Rico.

Para ele, também é um "atentado" o bloqueio, pela Suprema Corte, do plano de Barack Obama para proteger milhões de imigrantes ilegais da deportação. "É a gente que faz o trabalho duro."

Para ele, o medo do terrorismo não é desculpa para banir muçulmanos, como propõe o virtual candidato republicano, Donald Trump.

"Você tem pessoas más em todas as religiões, inclusive entre cristãos. A maçã podre não dá numa árvore só."


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