Folha de S. Paulo


Trump revida ataque de Hillary a sua vida empresarial com insultos

"Mentirosa de marca maior", Hillary Clinton jogou empregos no lixo, usou o cargo de chanceler para enriquecer e pode ser "a pessoa mais corrupta de todos os tempos a concorrer a presidente".

Ao acusar a rival democrata de tudo o que há de ruim nos EUA, Donald Trump levantou bandeira branca para a cúpula republicana, com quem vive relação de algum amor e muito ódio desde que se firmou como presidenciável da legenda.

Drew Angerer/AFP
O virtual candidato republicano à Casa Branca Donald Trump discursa em um de seus hotéis em NY
O virtual candidato republicano à Casa Branca Donald Trump discursa em um de seus hotéis em NY

O discurso feito nesta quarta (22) atendeu à expectativa de maneirar no extremismo e centrar fogo em Hillary.

Desde segunda anunciou ainda a contratação de "vários funcionários". Uma das preocupações é que sua campanha, que iniciou junho com 3% dos US$ 42 milhões levantados por Hillary e equipe dez vezes menor, seja insustentável nacionalmente.

O magnata também demitiu Corey Lewandowski, coordenador que, para muitos republicanos, espelhava o pior do patrão —de xenofobia à hostilidade com a imprensa.

Se após o atentado que matou 49 pessoas em Orlando Trump insinuou que a comunidade islâmica era conivente com radicais, desta vez acenou aos "muçulmanos pacíficos do mundo, terrivelmente vitimizados" pela facção terrorista Estado Islâmico.

O contra-ataque à Hillary, que na véspera o descreveu como fracasso corporativo, foi feito em um de seus hotéis de luxo, no SoHo nova-iorquino, onde a diária mais cara é de US$ 5.000 (R$ 17 mil).

Lido à risca do teleprompter (sinal de um Trump mais controlado), o discurso usou munições já testadas por ele.

Hillary, alegou, defenderia acordos que levam empregos a outros países (embora as empresas do magnata produzam em Bangladesh, Indonésia e outros). Sua agenda imigratória traria "milhões de trabalhadores com salários baixos" e pesaria sobretudo contra latinos e negros.

Ela continuou a dormir quando telefonaram às 3h para avisar do ataque na Líbia, acusou ele, deixando o embaixador americano "indefeso para morrer", em 2012.

Trump chamou de "patética" sua troca (investigada pelo FBI) de 33 mil e-mails usando uma conta particular.

Como secretária de Estado, disse ainda, ela teria ajudado Rússia e China em troca de doações à Fundação Clinton. O magnata citou "O Dinheiro dos Clinton: A História Não Contada de Como e Por Que Governos Estrangeiros e Negócios Ajudaram a Enriquecer Bill e Hillary".

O autor, Peter Schweizer, corrigiu várias passagens após a publicação do livro, admitiu a editora em 2015.

A campanha democrata chamou o ato de "lição de hipocrisia" e reproduziu reportagens desmentindo-o. Desde 2003, por exemplo, os cassinos de Trump, que prometeu "tornar os EUA ricos", teriam demitido 1.400.


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