Hillary Clinton abriu nesta terça-feira (21) três frentes de ataque —discurso, site e vídeo— para questionar se Donald Trump é o empresário de sucesso que diz ser.
Em Ohio, um Estado-chave, a democrata enumerou argumentos contra a perspicácia econômica do virtual candidato republicano, com quem deve disputar a Casa Branca em novembro.
J.D. Pooley/AFP | ||
A virtual candidata democrata à Casa Branca Hillary Clinton participa de evento em Columbus, Ohio |
Não é só na política externa que seu rival é um perigo, segundo Hillary. "Assim como ele não deveria ter seu dedo no botão [de ogivas nucleares], não deveria ter as mãos na nossa economia."
Para a ex-secretária de Estado, junto com Trump viriam recessão e "pânico global", já que mercados internacionais "dependem em cada palavra dita pelo nosso presidente".
O palavrório se precipitou à promessa de Trump em debater as "políticas falidas da Hillary Trapaceira". O discurso, marcado para duas semanas atrás e adiado após o atentado a tiros em Orlando, ficou para esta quarta (22).
A ofensiva chega no momento em que 51% dos americanos dizem preferir o magnata à ex-chanceler (43%) para lidar com a economia, segundo pesquisa da CNN.
O país avançou um bocado desde a crise do fim dos anos 2000, a pior desde 1929. O ritmo, contudo, decepciona. Em maio, foram criados 38 mil postos de trabalho, 25% do previsto.
Hillary reconheceu que a economia "ainda não está onde gostaríamos", mas o republicano não seria o remédio.
Calouro na política, Trump teve seu histórico empresarial escrutinado pela rival, que disse ter dificuldade em acreditar no que a equipe lhe enviava sobre ele. "Sério? Ele realmente disse isso?", indagou a democrata. E lembrou: "Os produtos de Trump são feitos em muitos países que não se chamam EUA".
A provocação atinge um dos corações da campanha do empresário, de viés protecionista. "As gravatas Trump são feitas na China. Ternos: no México. Móveis: Turquia. Adoraria que ele explicasse como isso se encaixa em seu bordão 'América primeiro'."
O site "Art of the Steal" ("A arte do roubo"), divulgado pela campanha da democrata e criado por um grupo que a apoia, parodia livro de 1987 do magnata, "The Art of the Deal" ("A arte do negócio").
Fechando o golpe, um vídeo abre com Trump se dizendo "um empresário muito bom". Seguem-se manchetes elencando a falência de seus cassinos. Republicanos e democratas zombam de negócios que deram errado, como linhas de bife, vodca e gelo.
No final, a frase: "Os negócios de Trump foram bons para ele. E ninguém mais".
SEM CAIXA
A equipe de Hillary investirá pesado em publicidade e tem dinheiro para tanto. Relatório de financiamento das campanhas revelou que ela começou junho com US$ 42 milhões em caixa, contra US$ 1,3 milhão de Trump.
O republicano reagiu em redes sociais e comunicados à imprensa. Quando Hillary disse que "ele se intitula o 'Rei da Dívida'", e "seu plano tributário lhe faz jus", Trump admitiu ser o monarca, "algo ótimo para mim como empresário, mas ruim para o país".
Prometeu "dar um jeito nos EUA" e acusou a democrata de usar o cargo no Departamento de Estado para enriquecer, "fazendo favores para regimes que escravizam mulheres e assassinam gays".
Nesta terça, anunciou um site, LyingCrookedHillary (Hillary trapaceira e mentirosa), com "as mais desastrosas mentiras" da candidata.