Folha de S. Paulo


Em discurso duro, Hillary diz que vitória de Trump seria 'erro histórico'

Provável candidata democrata à Presidência dos EUA, a ex-chanceler Hillary Clinton fez nesta quinta (2) seu mais forte discurso contra Donald Trump, que deverá ser o seu adversário na eleição de novembro. Para ela, a vitória do rival seria "um erro histórico".

Num pronunciamento centrado em política externa, Hillary buscou expor a inexperiência de Trump no tema, disse que ele não tem caráter ou temperamento para liderar o país e alertou para o perigo que sua vitória representaria para a segurança dos EUA e do mundo.

"As ideias de Donald Trump não são apenas diferentes. Elas são perigosamente incoerentes. Não são sequer ideias, só uma série de retóricas bizarras, contendas pessoais e mentiras descaradas."

Diante de uma plateia de 250 convidados em San Diego (Califórnia), que interromperam o discurso várias vezes com aplausos, Hillary tentou desmontar as propostas de Trump, com foco nas mais controvertidas.

Entre elas, o veto à entrada de muçulmanos nos EUA, a defesa da tortura contra suspeitos de terrorismo e a ideia de dar luz verde para que aliados tenham armas nucleares.

"Mesmo se eu não estivesse nesta corrida, estaria fazendo tudo o que posso para garantir que Dinald Trump nunca se torne presidente, porque acredito que ele levará nosso país a um caminho realmente perigoso", disse Hillary.

"Todos sabemos o que Donald Trump tem a oferecer: fanfarronice, deboche, tuítes desagradáveis. Posso apostar que ele está escrevendo alguns neste momento."

Não era uma aposta muito difícil de perder, já que Trump tem sido um usuário hiperativo do Twitter desde o início de sua campanha. O discurso de Hillary nem havia terminado e ele já reagia em sua conta na rede social.

"A trapaceira Hillary não tem mais credibilidade, fracassou demais no governo", tuitou. "As pessoas não vão permitir mais quatro anos de incompetência!"

Em vários momentos de seu discurso de cerca de 30 minutos, Hillary usou o mesmo tom debochado que é uma das marcas de Trump para ressaltar o desconhecimento dele em assuntos de política externa e contrastá-lo com sua experiência como secretária de Estado (chanceler) no primeiro mandato do presidente Barack Obama.

"Ele diz que tem experiência em política externa porque dirigiu o [concurso] Miss Universo na Rússia, disse, arrancando gargalhadas do público.

Também foi sarcástica ao falar dos comentários favoráveis de Trump a líderes "fortes" como o presidente russo, Vladimir Putin, e o ditador da Coreia do Norte, Kim Jong-un: "Deixo para os psiquiatras explicar seu afeto por tiranos."


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