Folha de S. Paulo


"Política externa de Temer é medíocre e submissa", diz Marco Aurélio Garcia

O ex-assessor internacional de Dilma Rousseff Marco Aurélio Garcia (PT) disse nesta terça-feira (31) que o Brasil "terá um lugar pequeno" no mundo com a política externa do governo do presidente interino Michel Temer.

Em vídeo na página da mandatária afastada no Facebook, Garcia considerou "medíocre e submissa" a visão do novo chanceler, José Serra (PSDB). Para ele, o país voltará 20 anos no tempo se seguir a receita do ministro tucano.

Nicolas Celaya - 4.ago.2015/Xinhua
Ainda como assessor da Presidência, Marco Aurélio Garcia participa de evento da Aladi em Montevidéu
Ainda como assessor da Presidência, Marco Aurélio Garcia participa de evento da Aladi em Montevidéu

"Se nós conseguirmos definitivamente romper com essa visão medíocre e pequena, provinciana, conservadora, nós teremos a possibilidade de reconstruir nossa política externa", disse o ex-membro do governo petista.

Quando tomou posse, em 18 de maio, Serra defendeu a prioridade a acordos bilaterais, deixando em segundo plano as negociações multilaterais dos governos de Dilma e de seu antecessor, Luiz Inácio Lula da Silva.

Na parte política, o tucano prometeu uma política "sem partidarismo", criticando os adversários petistas pelas relações mais próximas com países com governos de esquerda, como Venezuela, Cuba, Bolívia e Equador.

Considerado um dos principais responsáveis por essa aproximação, principalmente de Caracas, Garcia não comentou sobre as críticas de Serra às administrações destes países por questionarem o processo de impeachment.

Sobre a América Latina, defendeu a boa relação com os vizinhos, mas sem citar aspectos ideológicos. "É mais importante que estejamos neste mundo multipolar junto com os países da região que estejamos isolados".

ÁFRICA

Marco Aurélio Garcia defendeu ainda a aproximação Sul-Sul e considerou um "absurdo extraordinário" a diminuição ou o fechamento de embaixadas brasileiras na África e no Caribe, avaliados pela nova equipe do Itamaraty.

"Em primeiro lugar é não levar em consideração a importância que a África tem para a política externa brasileira. Me parece uma visão preconceituosa, atrasada, na qual está presente o conservadorismo do pensamento político", disse.

A maioria das representações em países africanos foi aberta no governo Lula (2003-2010), na estratégia de ampliar o comércio exterior. A nova gestão avalia cortar alguns destes postos para poder diminuir as despesas do ministério.


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