Folha de S. Paulo


Casa com nove quartos deve ser novo lar de Obama após Casa Branca

O presidente Barack Obama e sua família planejam se mudar para uma mansão no bairro nobre de Kalorama, em Washington, a apenas 3 km da Casa Branca, quando ele deixar o cargo em janeiro, de acordo com pessoas informadas sobre seus planos.

Obama, que disse que sua família permanecerá na capital até que sua filha Sasha conclua o ensino médio em 2018, vai alugar uma casa com 2.500 metros quadrados e nove quartos, segundo afirmam essas pessoas, que falam sob condição de anonimato por não terem autorização para revelar seus planos.

A casa —avaliada em cerca de US$ 6 milhões (aproximadamente R$ 21,7 milhões), de acordo com vários sites de imobiliárias, com um aluguel mensal estimado em US$ 22.000 no site Zillow— é propriedade de Joe Lockhart, ex-secretário de imprensa e assessor sênior de Bill Clinton.

Gabriella Demczuk/The New York Times
Casa que o presidente Barack Obama deve alugar ao sair da Casa Branca, em janeiro de 2017
Casa que o presidente Barack Obama deve alugar ao sair da Casa Branca, em janeiro de 2017

Lockhart foi, até este ano, diretor-geral de uma empresa de comunicação e consultoria política que fundou The Glover Park Group, mas se mudou para Manhattan para se tornar vice-presidente executivo de comunicações da NFL (a principal liga de futebol americano).

Lockhart e sua mulher, Giovanna Gray Lockhart, que trabalha como editora na revista "Glamour", não quiseram fazer comentários sobre o assunto e derivaram as consultas à Casa Branca.

Jennifer Friedman, vice-secretária de imprensa da Casa Branca, também se recusou a comentar os planos do presidente, noticiados pela primeira vez na quarta (25) pelo site noticioso "Politico".

A mudança vai levar os Obamas a um dos códigos postais mais ricos de Washington, uma área isolada próxima do Rock Creek Park que é o lar de diplomatas e foco do circuito de festas e coquetéis da capital.

A casa em si é luxuosa; fotografias publicadas pela imobiliária Washington Fine Properties, que a tinha em sua lista quando foi vendida em 2014, mostram quartos espaçosos com pisos de madeira, balcões de mármore branco, suítes grandiosas e um terraço com jardins formais.

Também possui uma "suíte para acompanhante", que poderia ser adequada para Marian Robinson, mãe de Michelle Obama, que viveu com a família na Casa Branca.

A localização também parece atender à necessidade de Obama de acomodar o contingente do Serviço Secreto que permanece com um presidente depois de deixar o cargo. Um pátio fechado na lateral da casa possui espaço para vários veículos e também para uma guarita.

O bairro já tem uma presença considerável de seguranças por causa de sua proximidade com o trecho da Avenida Massachusetts conhecido como Embassy Row (ou fileira das embaixadas).

Os Obamas vão viver no quarteirão da embaixada de Omã e do embaixador da União Europeia nos Estados Unidos e a uma esquina de onde mora Gérard Araud, embaixador francês conhecido pelas festas frequentes em sua mansão Tudor Revival (renascimento Tudor).

"É um bairro muito tranquilo. Essa é uma das razões que explicam por que todos gostamos de lá", disse Tony Podesta, um lobista democrata que tem bons contatos, irmão de John D. Podesta, diretor de campanha de Hillary Clinton.

Tony Podesta, que vive a duas casas da residência que será alugada pelos Obamas, convida os vizinhos para rodadas de pizza em seu quintal, onde tem um forno para isso.

Várias vezes por dia, uma linha de táxis estacionados serpenteia pela rua, e seus ocupantes se dirigem para o Centro Islâmico que há no quarteirão, para realizar orações muçulmanas.

Quando a notícia dos planos residenciais de Obama se tornou pública na quarta, jornalistas e fotógrafos voaram para o lugar. "Minha empregada ficou um pouco assustada", disse Podesta.

Apesar de os Obamas ainda possuírem uma casa em Chicago, o presidente disse em março que sua família permaneceria em Washington até que Sasha, que frequenta a escola Sidwell Friends, conclua o ensino médio.

Os Obamas disseram neste mês que a filha mais velha do casal, Malia, que se forma em Sidwell no mês que vem, faria um ano sabático antes de se matricular em Harvard.

O futuro lar de Obama tem uma história rica. Foi construído em 1928 por F. Moran McConihe, um desenvolvedor imobiliário que desempenhou um papel importante na expansão de Kalorama e serviu na Administração de Serviços Gerais na gestão do presidente Dwight D. Eisenhower.

A casa foi comprada pelo capitão Charles Hamilton Maddox, um veterano das duas guerras mundiais, que em 1912 projetou e testou, em voo, o primeiro equipamento de rádio utilizado com êxito em aeronaves navais.

Sua filha, Muriel Maddox, atuou ao lado de Marlon Brando no filme "Espíritos Indômitos" e escreveu uma série de romances.

Há muito tempo, o bairro é o lar de políticos proeminentes, incluindo Woodrow Wilson, William Howard Taft, Franklin D. Roosevelt, Warren G. Harding, Herbert Hoover e o senador Edward M. Kennedy.

No ano passado, Donald H. Rumsfeld, ex-secretário de Defesa, vendeu a casa em Kalorama onde viveu durante a administração Bush. Seus moradores descrevem o bairro como um oásis de calma residencial no meio de uma cidade movimentada.

"Você pode chegar a quase qualquer lugar que quiser em Washington em 15 minutos, mas, no fim de semana, é como se estivesse no campo", disse Bart Gordon, um ex-congressista democrata do Tennessee que agora está com o escritório de advocacia K&L Gates e em breve será o vizinho mais próximo dos Obama.

"Ele vai ser bem-vindo no bairro; só espero que não fique muito agitado."


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