Folha de S. Paulo


Grécia inicia retirada de refugiados de campo na fronteira com a Macedônia

As autoridades da Grécia começaram nesta terça-feira (24) a retirada de cerca de 8.000 pessoas que permaneciam no campo de refugiados de Idomeni, o maior que existia do país, na fronteira com a Macedônia.

O local era um dos principais pontos de parada da rota que passava pelos países dos Bálcãs rumo ao norte da Europa. O campo chegou a abrigar 14 mil pessoas antes de os macedônios fecharem a fronteira, em março.

A operação começou às 6h (1h em Brasília) com 700 policiais, mas a retirada dos refugiados e imigrantes ocorreu sem confronto. Ônibus levaram cerca de 1.100 pessoas a acampamentos do governo em Tessalônica, a 86 km dali.

A representante da ONG Médicos Sem Fonteiras, Vicky Markolefa, disse que a saída ocorre de forma tranquila e sem incidentes. "Nós esperamos que continue assim", disse à agência de notícias Associated Press.

Retirada de Idomeni

Apesar da calma na retirada, os refugiados não pareciam satisfeitos. "Isso não é bom, porque nós ficamos três meses aqui e vamos passar mais seis antes de sermos realocados", disse o sírio Hind al-Mkawi, 38, que fugiu de Damasco.

Abdo Rajab, 22, também passou três meses em Idomeni e agora pensa em pagar traficantes de pessoas para tentar chegar à Alemanha. "Não me importo em ir aos campos, mas minha vontade é chegar à Alemanha", afirmou.

Segundo a polícia, a estimativa é que a retirada dure de uma semana a dez dias. Além do fechamento da fronteira com a Macedônia, o campo de Idomeni diminuiu de tamanho devido à formação de outros acampamentos na Grécia.

A maioria dos refugiados e imigrantes vivia em pequenas barracas colocadas nos pastos próximos à linha férrea que liga o território grego aos Bálcãs. ONGs ofereciam comida e atendimento médico a seus habitantes.

Embora as autoridades gregas tenham colocado equipes de limpeza e banheiros químicos, as condições de higiene no local eram precárias e o campo se transformava em um lamaçal em dias de chuva, principalmente no inverno.

Nos últimos meses, o campo começou a ganhar uma cara mais permanente, com a formação de barracos de madeira e com refugiados vendendo produtos como utensílios de cozinha e alimentos.

PARADOS

O governo da Grécia afirma que mais de 54 mil refugiados e imigrantes ficaram parados no país depois que os países dos Balcãs começaram a impedir sua passagem. O primeiro a fazê-lo foi a Hungria, em setembro passado.

A partir daí, as autoridades de Sérvia, Eslovênia, Croácia, Albânia e, por fim, a Macedônia, fecharam suas fronteiras. O acesso também ficou mais difícil devido ao acordo entre a Turquia e a União Europeia para conter os refugiados.

No ano passado, mais de 1 milhão de pessoas passaram pela Grécia rumo a países do norte europeu como Alemanha e Suécia. A maioria chegou ao país vindo da costa turca em barcos improvisados nas ilhas do mar Egeu.

Depois que foi selado o acordo com a Turquia, em março, o fluxo diminuiu consideravelmente. Segundo a Organização Internacional de Migrações, 1.370 imigrantes e refugiados morreram tentando chegar à Europa por mar.

O número de mortos é 25% mais baixo que no mesmo período do ano passado. A entidade afirma que a redução foi provocada principalmente pelas restrições no mar Egeu, principal rota utilizada em 2015.


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