Um policial de Baltimore foi absolvido nesta segunda (23) de lesão corporal e outras acusações durante a prisão de Freddie Gray, jovem negro de 25 anos morto no ano passado pelos ferimentos que sofreu na traseira de uma van de polícia.
Um juiz também não considerou o policial Edward Nero culpado por descuido e má conduta no cargo. Previa-se uma pena máxima de dez anos pela acusação de lesão corporal, enquanto as demais poderiam ser punidas com até cinco anos de prisão.
Luciano Veronezi/Editoria de arte/ Folhatress |
Gray morreu em 19 de abril de 2015, uma semana depois de se ferir na coluna cervical na traseira de uma van policial com pés e mãos algemados e sem o cinto de segurança. Ele foi preso com um canivete, em uma abordagem policial violenta registrada em vídeo.
Nero é um de seis oficiais acusados no caso. Ele abriu mão de seu direito de ter um júri em seu julgamento, optando, em vez disso, por defender-se perante o juiz Barry Williams.
O julgamento do policial William Porter por homicídio culposo terminou com um júri indefinido em dezembro.
A morte de Gray desatou mais de uma semana de protestos seguidos por saques, distúrbios e incêndios criminosos que estimulou a imposição de um toque de recolher na cidade.
Seu nome se tornou um grito de guerra em uma crescente discussão nacional sobre o tratamento de homens negros pela polícia.
Promotores afirmaram que Nero deteve Gray de forma ilegal e agiu de forma descuidada quando decidiu não colocar o cinto de segurança no jovem quando o colocou no veículo policial.
Os advogados de Nero argumentaram que seu cliente não prendeu Gray e que a responsabilidade de pôr o cinto nos detidos é do motorista da van.
A defesa afirmou que os policiais agiram de forma responsável e convocaram testemunhas para reforçar seu argumento de que qualquer policial na posição de Nero teria tomado as mesmas decisões.
A previsão é de que os outros oficiais sejam julgados separadamente até o fim do ano. Nero é branco, enquanto Porter é negro. Dois dos outros policiais acusados no caso são brancos e dois são negros.
TENSÃO RACIAL
O caso de Freddie Gray soma-se a outras mortes de negros provocadas por policiais em sua maioria brancos, que causaram comoção e elevaram a tensão racial nos últimos anos nos Estados Unidos.
Em julho de 2014, o camelô de cigarros contrabandeados Eric Garner, 43, foi morto por um policial no Brooklyn, em Nova York, que lhe deu uma gravata em uma abordagem. Um júri decidiu não indiciar o agente responsável, David Pantaleo.
Mesmo destino teve o policial Darren Wilson, que matou a tiros o jovem Michael Brown, 18, em Ferguson, no Missouri, em agosto de 2014. Os protestos da cidade foram violentos e terminaram com saques e confrontos com a polícia.
Na época em que os dois policiais dos casos Ferguson e Brooklyn tiveram as acusações retiradas, os policiais de Cleveland, em Ohio, mataram Tamir Rice, 12, que brincava em um parque da cidade com uma arma de brinquedo.