O principal líder do grupo radical Taleban, o mulá Akhtar Mansour, foi morto neste sábado (21), em um ataque com drones dos Estados Unidos no sudoeste do Paquistão, em uma região próxima à fronteira com o Afeganistão.
A morte de Mansour foi confirmada pelo serviço de inteligência do Afeganistão. "O líder taleban, Akhtar Mansour, morreu ontem [sábado, 21] em um ataque aéreo na região de Dalbandin, no Baluchistão, no Paquistão", disse Jamil Sultani, vice-porta-voz do Diretório de Segurança Nacional (NDS).
"Akhtar Mansour, que estava sob vigilância há muito tempo, viajava ontem em um veículo com seus companheiros na região de Dalbandin, onde foi alcançado e abatido", diz a nota.
O ataque ao líder taleban já havia sido anunciado no próprio sábado pelo Pentágono, mas sem confirmação de sua morte.
| AFP-03.dez.2015 | ||
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| O líder do Taleban, Akhtar Mansour, em foto de 2015 |
Imagens divulgadas pelas agências de notícias mostram os destroços do carro em que Mansour estaria viajando. O ataque deixou ao menos mais um morto, uma segunda pessoa que viajava com Mansour. As autoridades afegãs não o identificaram, mas fontes talebans ouvidas pela Associated Press dizem ser o motorista do carro, Muhammad Azam Hasanai.
O mulá Mansour foi apontado como o líder dos talebans após a confirmação, em julho do ano passado, da morte do seu antecessor e mentor espiritual, mulá Mohammed Omar, em um ataque em 2013.
Ele era considerado o braço direito de Omar, mas o fato de ter comandado o grupo por dois anos em segredo causou profundas disputas internas no grupo radical.
Abdul Rauf, um dos homens fortes do Taleban, confirmou à Associated Press a morte de Mansour. Rauf chegou a se rebelar contra a ascensão de Mansour ao poder, mas recentemente se reconciliou com o mulá e declarou lealdade a ele para tentar unificar o movimento.
O ataque que matou Mansour seria o primeiro realizado por drones americanos no Baluchistão, o que explicaria porque o líder taleban viajava sem um comboio de segurança.
Em Mianmar, o secretário de Estado americano, John Kerry, afirmou que o ataque envia uma "clara mensagem" ao mundo de que os EUA continuam apoiando seus parceiros afegãos. "Paz é o que queremos. Mansour era uma ameaça a esse esforço", disse o secretário.
"É hora dos afegãos pararem de lutar e começarem a construir um futuro real juntos", completou, em referência às travadas negociações de paz entre Cabul e o Taleban.
O chefe executivo afegão, Abdullah Abdullah, disse à televisão local que a morte de Mansour terá um impacto positivo nessas negociações, já que o mulá era a principal força opositora ao processo de paz.
Desde que assumiu a liderança do Taleban, Mansour intensificou os ataques a civis, especialmente no Afeganistão.
TRAJETÓRIA
Mansour nasceu no início dos anos 1960 na província de Kandahar, região afegã conhecida por atividades pastoris que foi berço da rebelião taleban que mais tarde governou o Afeganistão de 1996 até 2001, quando ocorreu a invasão dos EUA no país.
As autoridades americanas acreditam que os atentados de 11 de Setembro foram tramados no Afeganistão por Osama bin Laden (da Al Qaeda, aliada do Taleban).
Mansour passou a maior parte de sua juventude no Paquistão. Ao longo dos anos, aprendeu a navegar entre os diferentes setores que compõem a facção, como a shura de Quetta (que dirige os membros do Taleban no Paquistão) e os representantes da milícia no Qatar.
Durante o governo taleban no Afeganistão, Mansour ocupou o cargo de ministro da Aviação Civil. Depois, foi apontado como responsável pelos assuntos militares e políticos da facção, trabalhando como braço-direito de Omar.
SUCESSOR
Ainda não há indícios de que comandante ou facção assumirá a liderança do grupo.
Segundo a Associated Press, que cita um oficial afegão, Mansour perdera poder recentemente para seu vice, Sirajuddin Haqqani, líder da rede Haqqani, um braço do Taleban notoriamente violento e com conexões com a rede terrorista Al Qaeda. O grupo é responsável pela maior parte dos ataques suicidas cometidos em Cabul.
"Baseado unicamente em questões de hierarquia, ele seria o favorito para sucedê-lo", disse Michael Kugelman, do Instituto Woodrow Wilson.
Outro candidato é Mullah Mohammad Yaqub, filho do mulá Omar e uma figura popular e carismática. Segundo as autoridades afegãs, ele apoia as negociações de paz. Atualmente, ele comanda comissões militares do Taleban em 15 das 34 províncias afegãs. Como Rauf, ele recentemente se reconciliou com Mansour.
Alguns analistas dizem acreditar, contudo, que a morte de Mansour lançará o grupo em uma nova fase de disputa de poder, o que impediria qualquer avanço nas conversas de paz.