Folha de S. Paulo


Forças Armadas do Egito anunciam ter achado destroços do avião da EgyptAir

O governo do Egito anunciou, nesta sexta-feira (20), que a marinha do país encontrou destroços e objetos pessoais dos passageiros do voo MS804 da EgyptAir, que caiu no Mediterrâneo com 66 pessoas a bordo, durante uma viagem de Paris ao Cairo.

O voo desapareceu na noite de quarta (18) por razões ainda desconhecidas. As hipóteses vão de terrorismo a fogo na cabine —a aeronave disparou mensagens automáticas que, segundo um site especializado, indicam pane.

Os destroços localizados estavam a 290 quilômetros ao norte de Alexandria, segundo o general Mohammed Samir.

As autoridades egípcias encontraram flutuando no mar malas, assentos de avião e partes de corpos que podem ser das vítimas da queda.

Na quinta (19), a direção da EgypAir chegou a afirmar que destroços do avião haviam sido encontrados, o que acabou por se revelar falso.

Avião desaparecido

A Agência Espacial Europeia diz que um satélite detectou um possível vazamento de óleo de 2 km de extensão na mesma área do Mediterrâneo onde o avião desapareceu, mas não há confirmação de que seja dele.

Nesta sexta (20), o ministro das Relações Exteriores da França, Jean-Marc Ayrault, afirmou que não há "a menor indicação" sobre as causas da queda da aeronave.

Um dia antes, o ministro da Aviação Civil do Egito, Sherif Fathi, disse que era "mais forte" a possibilidade de ter havido um ataque terrorista do que um acidente.

No entanto, nenhum grupo terrorista reivindicou a responsabilidade pelo desastre.

Quando sumiu, a aeronave voava na fase mais segura de um voo, sob tempo bom e conduzida por tripulação experiente. O piloto não comunicou nenhum problema.

MENSAGENS

Segundo o "Aviation Herald", site especializado em aviação, o avião disparou mensagens automáticas indicando problemas a bordo.

Chamadas de "Acars", elas apontam fogo a bordo, fogo nos aviônicos (sistemas elétricos e eletrônicos essenciais para o voo) e falha no piloto automático e no controle automático de aceleração. Se confirmada, a série de descrições é compatível com a chamada "falha catastrófica", quando um encadeamento de problemas torna a aeronave incontrolável. A empresa que fornece o sistema do Acars à EgyptAir confirmou o envio de mensagens pelo avião, sem falar o teor. As autoridades ainda não se manifestaram.

De acordo com o ministro da Defesa da Grécia, Panos Kammenos, o voo fez movimentos bruscos e teve perda repentina de altitude pouco antes de desaparecer dos radares. "Ele virou 90 graus à esquerda, então 360 graus à direita, caiu de 38 mil pés (11.582 metros) para 15 mil pés (4.572 metros) e então desapareceu a 10 mil pés (3.048 metros)", disse Kammenos.

Com base nessas informações, John Goglia, ex-membro da Comissão de Segurança de Transporte Nacional dos EUA, afirmou que uma bomba, mais do que uma falha estrutural ou mecânica, pode ter causado a queda.
"Considerando o fato de que [o piloto] fez esses movimentos bruscos sem enviar nenhum pedido de ajuda indicaria algo catastrófico."

Especialistas em aviação também cogitam briga na cabine de comando, e dizem que uma resposta só virá com a análise dos destroços e das caixas-pretas. Um navio deixou a França nesta sexta (20) com um equipamento sonar, para a localização das caixas-pretas. Deve levar dois ou três dias para chegar ao local.

Colaborou Ricardo Gallo, de São Paulo

Origem dos passageiros

Editoria de arte/Folhapress
Avião Airbus A320

Endereço da página:

Links no texto: