Folha de S. Paulo


Assembleia Nacional sumirá em breve na Venezuela, diz Nicolás Maduro

O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, disse nesta terça-feira (17) que a Assembleia Nacional, controlada desde janeiro pela oposição, desaparecerá em breve.

"A Assembleia Nacional perdeu vigência política. É uma questão de tempo para que desapareça", afirmou Maduro a correspondentes estrangeiros, incluindo a Folha, no palácio de Miraflores.

Federico Parra - 17.mai.2016/AFP
O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, concede entrevista no Palácio de Miraflores nesta terça (17)
O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, concede entrevista no Palácio de Miraflores nesta terça (17)

A declaração reforça versão veiculada pela mídia local de que o Tribunal Supremo de Justiça (TSJ, Suprema Corte) planeja dissolver a mesa diretora do Parlamento sob justificativa de suposto desacato a ordens do Judiciário.

Caso se concretize, a decisão derrubaria o atual presidente da Assembleia Nacional, Henry Ramos Allup, um dos antichavistas mais proeminentes, e seus vices.

Maduro citou como exemplo do que chama de irrelevância do Parlamento o fato de a oposição rejeitar seu decreto de estado de exceção e emergência econômica, que aumenta o poder dos militares na distribuição dos alimentos e eleva a intervenção estatal no setor privado.

A medida foi rejeitada nesta terça pela maioria opositora do Legislativo, sob a justificativa de que o decreto evidencia as supostas pretensões ditatoriais do chavista.

A Venezuela vive um pico de tensão política desde janeiro, quando a oposição tomou o controle da Assembleia Nacional. Desde então, os rivais de Maduro tentam destituí-lo.

A principal iniciativa é o referendo revogatório do mandato do chavista. A oposição já entregou 1,8 milhão de assinaturas ao Conselho Nacional Eleitoral (CNE), nove vezes mais que o exigido na primeira etapa do processo.

A consulta, porém, só será realizada se os rivais de Maduro conseguirem em uma segunda etapa o apoio de 20% do eleitorado, ou 3,9 milhões. Maduro disse não ter "obrigação de acatar o referendo" e voltou a acusar a oposição de ter inflado a lista com assinaturas falsas.


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