Folha de S. Paulo


Cristina Kirchner é indiciada no caso da venda de dólares no mercado futuro

A ex-presidente da Argentina Cristina Kirchner foi indiciada pela Justiça nesta sexta-feira (13) sob a acusação de crime contra a administração pública no caso da venda de dólar no mercado futuro antes de deixar o cargo, em dezembro.

Segundo a investigação, seu governo provocou um dano aos cofres públicos ao permitir que o Banco Central leiloasse US$ 22 bilhões (R$ 77,4 bilhões) em dólares no mercado três meses antes do fim de sua administração.

Marcos Brindicci - 11.abr.2016/Reuters
A ex-presidente da Argentina Cristina Kirchner chega a Buenos Aires antes do depoimento à Justiça
A ex-presidente da Argentina Cristina Kirchner chega a Buenos Aires antes do depoimento à Justiça

A transação foi feita com a cotação oficial da época, controlada pelo governo, de 9 pesos (R$ 2,25). Meses depois, com a posse de Mauricio Macri, o peso se desvalorizou com o câmbio flutuante e a hoje taxa está em 14 pesos (R$ 3,50).

Para o juiz responsável pelo caso, Claudio Bonadio, "é evidente" que Cristina instruiu seu ministro de Economia, Alex Kicillof, a realizar a transação e que este deu ordens aos diretores do Banco Central para que a executassem.

Além dela, foram indiciados Kicillof, o ex-presidente do Banco Central, Alejandro Vanoli, e outros 12 diretores. Bonadio também pediu o embargo de 15 milhões de pesos (R$ 3,5 milhões) dos bens de cada um dos acusados.

O indiciamento vem um mês depois que Cristina foi a Buenos Aires para depor sobre o caso, mas não falou aos juízes. Em seu lugar, entregou um documento acusando seu sucessor de ter provocado o prejuízo ao erário.

Em seguida, apresentou um pedido de julgamento contra Bonadio no Conselho da Magistratura por considerar que sua convocação foi contra a lei e acusou o juiz de prevaricação e parcialidade por julgar outros processos contra ela.

OUTROS PROCESSOS

Além do caso da venda futura de dólares, Cristina Kirchner é acusada de outros crimes em dois processos envolvendo empresas e propriedades em seu nome e empresários aliados, como Lázaro Báez e Cristóbal López.

No chamado caso Hotesur, ela foi acusada formalmente pela Promotoria de lavagem de dinheiro devido ao pagamento de diárias a quartos vazios em seus hotéis na província de Santa Cruz pela Austral Construções, pertencente a Báez.

Amigo dela e de seu marido, Néstor, morto em 2010, o empreiteiro ganhou 73% das licitações de obras públicas feitas pelos governos do casal (2003-2015) na província que é seu berço eleitoral, avaliadas em 16 milhões de pesos.

Báez também está envolvido no caso dos aluguéis de imóveis da empresa Los Sauces S/A, pertencente a Cristina. Ela foi acusada formalmente nesta quinta (12) por enriquecimento ilícito, lavagem de dinheiro e corrupção.

Segundo a investigação, a locação de propriedades da empresa Los Sauces S/A, da família Kirchner, era uma forma de encobrir a propina pedida pela mandatária nas licitações vencidas por empresários como López e Báez.


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