Folha de S. Paulo


Procuradoria acusa Cristina Kirchner e empresários amigos de corrupção

A Procuradoria Federal da Argentina acusou formalmente nesta quinta-feira (12) por corrupção a ex-presidente Cristina Kirchner, o filho, Máximo, e os empresários Lázaro Báez e Cristóbal López pelo caso do aluguel de imóveis da ex-mandatária.

Segundo a investigação, a locação de propriedades da empresa Los Sauces S/A, da família Kirchner, era uma forma de encobrir a propina pedida pela mandatária nas licitações vencidas por empresários como López e Báez.

Agustin Marcarian - 13.abr.2016/Reuters
A ex-presidente da Argentina Cristina Kirchner chega para depor à Justiça em Buenos Aires em abril
A ex-presidente da Argentina Cristina Kirchner chega para depor à Justiça em Buenos Aires em abril

A acusação foi incluída pelo procurador federal Carlos Rívolo no processo contra os quatro sobre os aluguéis. Eles já eram investigados pelas acusações de enriquecimento ilícito e falsificação de documentos públicos.

Dez dias atrás, a Justiça acolheu a denúncia do Ministério Público sobre os dois crimes. O processo é conduzido em segredo de Justiça pelo juiz Claudio Bonadio, considerado um inimigo pelo kirchnerismo.

O magistrado é responsável também por duas outras ações contra Cristina —uma de enriquecimento ilícito envolvendo diárias de hotéis da família Kirchner, similar à dos aluguéis, e outra sobre venda de dólares no mercado futuro.

A acusação formal da Procuradoria foi feita a partir de denúncia apresentada pela deputada Margarita Stolbizer, que foi candidata à presidente em 2015. Para ela, as transações eram uma troca de favores entre o empresário e Cristina.

O processo se baseia em auditoria da Direção Nacional de Estradas de Rodagem sobre obras nas estradas da província de Santa Cruz, berço político dos Kirchner, nos governos de Cristina e de seu marido, Néstor (2003-2015).

Nos 12 anos, 73% das licitações de obras viárias da província foram vencidas por empresas de Lázaro Báez, avaliadas em 16 bilhões de pesos (R$ 4 bilhões). O empreiteiro só concluiu 24 das 51 obras e recebeu 9 bilhões de pesos.

Já Cristóbal López é investigado por não repassar ao Estado 8 bilhões de pesos (R$ 2 bilhões) em impostos pago por compradores de combustíveis de sua distribuidora. Cristina é acusada de ter facilitado a não entrega do dinheiro.

PRISÃO

Amigo de longa data de Néstor Kirchner e construtor do mausoléu do ex-presidente, que morreu em 2010, Lázaro Báez está preso por lavagem de dinheiro vindo de licitações de obras públicas dos governos Kirchner.

Nesta quinta (12), ele afirmou que esteve associado entre 2012 e abril deste ano com a construtora IECSA, de Angelo Calcaterra, primo do atual presidente, Mauricio Macri, para a construção de uma hidrelétrica em Santa Cruz.

A declaração é vista como uma tentativa da defesa de ampliar o escopo das investigações contra o empresário para atrasar as investigações e o avanço de seu processo na Justiça argentina.


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