Folha de S. Paulo


Mulher esconde pedido de ajuda na lição do filho para denunciar marido

Sob a vigilância constante do marido, uma uruguaia vítima de violência doméstica encontrou uma forma engenhosa de denunciar sua situação para a polícia na Espanha.

Vivendo em Benalmádena, na província de Málaga, no sul do país, ela não podia sair na rua sozinha nem usar o celular ou entrar nas redes sociais sem a permissão do marido. Ele ainda fazia checagens frequentes no telefone e filtrava qualquer contato seu com o mundo exterior, segundo relatos da polícia ao jornal espanhol "ABC", que revelou o caso.

Josep Lago-25.nov.15/AFP
(FILES) This file photo taken on November 25, 2015 shows two women, with make-up pretending black-eyes, protesting during a demonstration against domestic violence in Barcelona. According to a UN report last year, 13 percent of Spanish women were physically or sexually abused by a partner or ex-partner, compared to 26 percent in France, 29 percent in Britain and 32 percent in Denmark or Latvia. / AFP PHOTO / JOSEP LAGO / TO GO WITH AFP STORY BY ANNA CUENCA ORG XMIT: JL006
Maquiadas para simular hematomas, mulheres protestam em Madri contra violência doméstica

Mas ela conseguiu esconder um bilhete com um pedido de ajuda em meio à lição de casa de seu filho de oito anos. Nele, explicava sua situação e dava dados pessoais, inclusive seu endereço.

A professora do menino achou o bilhete dentro de um livro e avisou a direção da escola, que entrou em contato com as autoridades e o Centro Municipal da Mulher de Benalmádena.

INVESTIGAÇÃO

Para evitar riscos à mulher, foi elaborado um plano para investigar a denúncia sem levantar suspeitas. O casal foi convocado para ir à escola para uma suposta reunião sobre o filho.

Quando chegaram à escola, o marido esperou do lado de fora, e ela entrou na sala. A mulher relatou aos policiais os maus tratos que estava sofrendo, descrevendo as agressões, inclusive uma ocasião em que o marido teria colocado fogo na cama para intimidá-la, e exibiu os vários hematomas que tinha pelo corpo.

O homem foi detido ali mesmo, mas depois libertado sob a condição de se manter afastado a uma distância mínima da vítima e de usar uma pulseira eletrônica que informa à polícia se esta medida for descumprida.

A mulher e seu filho estão recebendo assistência do Instituto Andaluz da Mulher, órgão governamental dedicado à promoção da igualdade de gênero.


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