Folha de S. Paulo


Filho admite que personagem de foto de Iwo Jima pode não ser seu pai

Joe Rosenthal - 23.fev.1945/Associated Press
A foto histórica de soldados erguendo a bandeira dos EUA na batalha de Iwo Jima, no Japão, em 1945
A foto histórica de soldados erguendo a bandeira dos EUA na batalha de Iwo Jima, no Japão, em 1945

O filho do homem famoso por ter sido um dos soldados que aparece erguendo a bandeira dos EUA na batalha de Iwo Jima, na Segunda Guerra Mundial (1939-1945), disse nesta terça (3) não acreditar que o pai estivesse na cena.

James Bradley é autor de "Flags of Our Fathers", livro que levou ao filme "A Conquista da Honra", de 2006, dirigido por Clint Eastwood. Seu pai, John, era identificado como um dos seis homens que apareceu na foto icônica.

De todos os seis, John Bradley foi um dos três que sobreviveu à guerra e, por isso, tornou-se famoso nos EUA e contou a história no livro do filho. Agora, James afirma que toda a história do pai na foto poderia ser falsa.

Em entrevista ao jornal americano "The New York Times", ele disse duvidar que John estivesse na foto, feita por John Rosenthal durante a batalha entre americanos e japoneses na ilha de Iwo Jima, em 23 de fevereiro de 1945.

Ele afirma que seu pai participou da primeira vez que a bandeira americana foi alçada na batalha. Porém, a imagem histórica teria sido produzida em um segundo hasteamento, do qual John Bradley não fez parte.

Segundo o escritor, seu pai provavelmente acreditava que a foto havia sido produzida na primeira vez que a bandeira foi erguida. Bradley era médico da Marinha, enquanto os outros cinco presentes eram fuzileiros navais.

James Bradley se pronunciou um dia após o Corpo de Fuzileiros Navais anunciar investigação sobre as identidades dos soldados presentes na foto histórica, especialmente do pai do escritor de "Flags of Our Fathers".

PESQUISA

A suspeita se baseia em pesquisa dos historiadores amadores Eric Krelle, de Nebraska, e Stephen Foley, que mora na Irlanda. Em novembro de 2014, o jornal "Omaha World-Herald" fez reportagem sobre a suspeita dos dois.

Para Krelle e Foley, o sexto homem era o fuzileiro naval Harold Henry Schultz, alistado em Detroit e que morreu em 1995. Eles encontraram discrepâncias entre a roupa e as armas usadas pelo homem da foto e por Bradley.

Em outras fotos do mesmo dia, John Bradley aparece com calças com bainhas justas, enquanto o soldado da foto está de calça sem bainha, e aparece com quepes diferentes na foto histórica e nas demais imagens.

O homem que aparece erguendo a bandeira usa cinto e bolsos de munições, com dois alicates no cinto, e um fuzil M-1. Porém, como Bradley era um oficial da Marinha, deveria estar com uma pistola e sem os alicates.

À agência de notícias Associated Press na segunda (2), ele disse ter ficado chocado sobre a investigação dos fuzileiros navais. "Isto é inacreditável. Sou interessado em fatos e verdades, mas eu não sei o que está acontecendo", disse.

Nesta terça (3), no entanto, ele disse ao "New York Times" que foi convencido pela pesquisa de 2014 de que seu pai não era o homem da foto, mas que não se manifestou na época por estar muito doente.

"Não era uma prioridade. Estava fora do país, me recuperando de uma doença que eu peguei na Nova Guiné que quase me matou. Não tinha energia para aguentar isto tudo sozinho", disse.

"Flags of Our Fathers" teve sua primeira edição em 2000 e ficou 11 meses na lista de livros mais vendidos dos EUA. Na edição em papel, o prefácio diz que "esta é a verdadeira história por trás dos seis homens que ergueram a bandeira".


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