Folha de S. Paulo


Chanceler alemã visita campo de refugiados turco na fronteira com Síria

A chanceler alemã, Angela Merkel, disse neste sábado (23) que é favorável à criação de zonas seguras dentro da Síria para abrigar refugiados. A proposta, defendida pela Turquia, é criticada pela ONU devido à instabilidade provocada pela guerra civil no país.

Merkel respaldou a proposta em visita ao campo de refugiados de Gaziantep, na Turquia, com autoridades da União Europeia. A intenção da viagem era promover o polêmico acordo entre o bloco e o governo turco para conter a crise de refugiados.

AFP
A chanceler alemã Angela Merkel conversa com refugiados na fronteira da Turquia
A chanceler alemã Angela Merkel conversa com refugiados na fronteira da Turquia e da Síria

A chefe de governo disse que, para isso, seriam necessárias "zonas em que o cessar-fogo esteja em vigor e onde se possa garantir um nível significativo de segurança".

Pelo acordo assinado em março, todos os imigrantes sem direito a refúgio que chegarem à Grécia serão deportados para a Turquia. Em troca, o governo turco enviará à União Europeia o mesmo número de sírios de campos de refugiados no país.

A União Europeia também enviará uma verba de € 6 bilhões (R$ 24 bilhões) distribuída nos próximos quatro anos para ajudar o país a melhorar as condições dos 2,7 milhões de refugiados sírios que estão no território turco.

Inicialmente, o acordo diminuiu a chegada de refugiados à Grécia, como saudou Davutoglu. "Nossa prioridade é impedir que bebês Alans sejam lançados à nossas costas", disse, em referência ao menino sírio que foi encontrado morto em setembro.

No entanto, a tendência de queda começa a se reverter. Segundo a Organização Internacional para Migrações (OIM), 150 refugiados e imigrantes conseguem chegar por dia às ilhas do mar Egeu.

A visita dos dirigentes foi criticada por grupos de direitos humanos. As organizações dizem que eles foram a um campo de refugiados maquiado, fora da realidade de como a Turquia trata os sírios.

Eles também afirmam que a Turquia começou a impedir a entrada dos novos refugiados que fogem do norte sírio.

AMEAÇAS

Durante a visita de Merkel, o primeiro-ministro turco, Ahmet Davutoglu, voltou a cobrar da União Europeia a liberação da exigência de visto para os cidadãos turcos.

Ele ameaçou interromper a recepção de imigrantes que são deportados da Grécia caso o bloco não cumpra a promessa até junho. Merkel reiterou que a Turquia deve cumprir as exigências.

"Nós dizemos que a Turquia naturalmente deve cumprir com as condições para que isso seja implementado. Meu objetivo é que alcancemos estes entendimentos".

A chanceler alemã é criticada dentro de seu país por ceder demais à Turquia. Além da crise dos refugiados, Merkel permitiu um processo judicial contra um comediante alemão que fez um poema satírico contra o presidente Recep Tayyip Erdogan.

Os críticos ainda mencionam a falta de condenação às violações de direitos humanos feitas pelo governo turco.


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