Folha de S. Paulo


Fim de restrições permite que cubanos façam viagens marítimas após 50 anos

O governo de Raúl Castro anunciou nesta sexta-feira (22) o fim das restrições para entrada e saída de cubanos da ilha por meio de embarcações comerciais. Vigente há décadas, a proibição suspendia a retomada de cruzeiros entre os EUA e Cuba.

As medidas, que entrarão em vigor na próxima terça-feira (26), vão permitir a cubanos, "independentemente de seu status migratório", viajar como passageiros e tripulantes de navios e cruzeiros, segundo nota oficial divulgado pelo jornal estatal "Granma".

Cuba aceitou liberar as viagens marítimas como parte do processo de normalização das relações com os Estados Unidos iniciado em dezembro de 2014 e que alcançou seu máximo ponto com a histórica visita do presidente americano, Barack Obama, a Havana, em março.

Essas novas disposições, que se somam à retomada de voos comerciais entre os dois países, permitirão em teoria destravar a anunciada retomada das viagens de cruzeiro. Neste contexto, a empresa americana Carnival começou a aceitar reservas para seus cruzeiros a Cuba de pessoas nascidas na ilha.

A Carnival, que planeja enviar no dia 1º de maio o primeiro cruzeiro em meio século dos EUA a Cuba, indicou que mantinha negociações com Havana, confiando que o governo castrista suspendesse a política da Guerra Fria que não permitia que cubanos entrassem na ilha pelo mar, apenas pelo ar.

A Carnival se tornou a primeira empresa de cruzeiros a conseguir as autorizações tanto dos EUA quanto de Cuba para realizar a rota entre os dois países, interrompida desde a vitória da revolução cubana em 1959.

Segundo a empresa, o cruzeiro passará pelos portos de Havana, Cienfuegos e Santiago de Cuba. As reservas custarão a partir de US$ 1.800 por pessoa e inclui atividades culturais e educacionais, como aulas de espanhol.

REDUÇÃO DE PREÇOS

A partir desta sexta-feira (22), Cuba vai reduzir os preços de alguns produtos básicos em milhares de lojas de gestão estatal, afirmaram funcionários de duas lojas de varejo em Havana na quinta-feira.

A medida parece ter o objetivo de aquietar as reclamações de cubanos que não se beneficiaram das reformas de mercado e estão descontentes com o aumento do preço da comida e com a desigualdade.

De acordo com um documento que teria vazado do Ministério das Finanças e que circulou na internet, os bens incluem itens como óleo de cozinha, frango, carne de hambúrguer e sopa. Os cortes nos preços variam de 10 a 30 por cento. O governo não confirmou de imediato a informação.

Um funcionário de uma loja em Havana, que pediu para não ser identificado, disse que a lista inclui "produtos básicos que as pessoas precisam, como pasta de dente, detergente e óleo de cozinha".

A medida se dá menos de uma semana depois de o presidente Raúl Castro, falando ao Congresso do Partido Comunista, ter admitido que as reformas econômicas que começaram há cinco anos ainda têm que beneficiar muitas pessoas que continuam sob pressão para dar conta do custo de vida.


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