A rainha Elizabeth 2ª completa 90 anos, nesta quinta-feira (21), com uma rotina intensa de compromissos e sem dar pistas de que vá deixar a coroa em breve.
Seus súditos preferem assim. Questionados sobre se ela deve abdicar ou se manter no trono pelo maior tempo possível, 70% dos ouvidos na semana passada, em pesquisa Ipsos Mori para o King's College London, disseram preferir que a rainha fique.
| Annie Leibovitz/AFP | ||
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| Em retrato feito por Annie Leibovitz, a rainha Elizabeth 2ª posa ao lado de seus netos e bisnetos |
Em setembro passado, Elizabeth 2ª se tornou a monarca a passar mais tempo no trono britânico. Ela assumiu após a morte do pai, George 6º, em 1952. Seu reinado viu sete papas e 12 premiês -começando por Winston Churchill (1940-45 e 1951-55).
"A maior parte das pessoas no Reino Unido não conheceu outro chefe de Estado. Você precisa ter uns 70 anos para se lembrar do pai dela como rei", diz Stephen Bates, jornalista que escrevia sobre a monarquia para o "Guardian" e autor de "Royalty Inc: Britain's Best-Known Brand" (Realeza S.A. - a marca britânica mais conhecida).
O jornalista lista algumas das características da rainha que a fazem popular, como o senso de dever, a seriedade e seu afastamento de assuntos partidários. "Se quem for rei ou rainha começar a interferir em política, vai ser um desastre para a instituição."
Por isso, diz Bates, há quem tenha reservas sobre o envolvimento do príncipe Charles -o primeiro na linha de sucessão. Em 2015, a imprensa britânica revelou exemplos da interferência do príncipe em assuntos que iam do conflito no Iraque à oferta de medicamentos alternativos.
| Annie Leibovitz/AFP | ||
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| A rainha Elizabeth 2ª posa ao lado de quatro de seus cachorros no jardim do castelo de Windsor |
Ainda assim, a pesquisa Ipsos Mori mostrou que 60% dos britânicos afirmam que Charles será um bom rei. O percentual é alto, mas está abaixo dos mais de 80% que ele tinha em 1991 -antes da separação da princesa Diana (1961-97).
A FAMÍLIA
Uma foto divulgada na véspera do aniversário da monarca, e que vai virar selos comemorativos, mostra a rainha e sua linha sucessória: os príncipes Charles, William e o pequeno e sorridente George.
Para Bates, no entanto, nada indica que a rainha abdicaria do trono, a não ser que ficasse gravemente doente.
"Ela vem de uma geração que sente que é uma fraqueza desistir de seus deveres. No momento, ela não mostra sinal nenhum de desistir de nada. Ela só quer continuar."
De fato, a agenda acelerada da rainha impressiona os súditos: foram 341 compromissos oficiais em 2015.
Nesta quarta (20), por exemplo, ela participou de evento dos correios e assistiu a uma performance de crianças em Windsor, informou a monarquia pelo Twitter.
Em entrevista à BBC, publicada na véspera dos 90 anos da avó, o príncipe William, 33, afirmou que, enquanto seu pai, Charles, 67, e a rainha são bastantes ativos, ele consegue dividir seu tempo entre tarefas da realeza, a família e seu trabalho como piloto de ambulância aérea.
"Há uma linha de sucessão e estou agora mais para baixo", disse. "Quando a rainha decidir distribuir mais responsabilidades, serei o primeiro a aceitar."
No vídeo, William se defende das críticas de que participa pouco de compromissos da realeza e fala, com sutileza, de seu eventual papel na modernização do reinado.
"Esse é o desafio para mim: como farei a família real relevante em 20 anos? Ou 40 anos, em 60, não tenho ideia de quando será", afirmou.
"Certamente, não perco o sono à espera [de ser rei], porque infelizmente isso significaria que minha família partiu. E não quero isso."