O ditador de Cuba, Raúl Castro, disse neste sábado (16) que a América Latina, especialmente países governados pela esquerda, passa por uma ofensiva contrarrevolucionária, na abertura do Congresso do Partido Comunista.
Ele fazia referência às crises políticas na Venezuela e no Brasil e aos recentes reveses de aliados como os presidentes da Bolívia, Evo Morales, e do Equador, Rafael Correa, e da ex-mandatária argentina Cristina Kirchner.
Ismael Francisco/AFP | ||
O ditador de Cuba, Raúl Castro, discursa na sessão de abertura do 7º Congresso do Partido Comunista |
Segundo Raúl, esta ofensiva foi desatada pela desaceleração econômica na região, provocada pela queda do preço das commodities, e tem como objetivo "abrir caminho para o retorno do neoliberalismo".
O mandatário considera se tratar de uma "guerra não convencional", cuja doutrina é baseada nas pressões econômicas e no uso e articulação dos meios de comunicação empresariais contra a população destes países.
"Esta guerra não convencional não descarta ações estabilizadoras e golpistas, como prova o que acontece contra a Venezuela, e se intensificou recentemente na Bolívia, no Brasil e no Equador", disse.
"A intenção é levar ao fechamento deste ciclo histórico e desmoralizar partidos, movimentos sociais e a classe trabalhadora. Reafirmamos o apoio a todos os governos progressistas que levaram benefícios tangíveis às enormes maiorias da região mais desigual do planeta".
Especificamente sobre a Venezuela, Raúl Castro afirmou ter a convicção de que o "defenderá o legado de Chávez e impedirá qualquer mudança" promovida pela oposição e criticou indiretamente os Estados Unidos.
"À Revolução Bolivariana e chavista, ao presidente [Nicolás] Maduro e seu governo, à união cívico-militar, ratificamos nossa solidariedade e compromisso e a rejeição às pretensões de isolar a Venezuela enquanto se dialoga com Cuba".
OEA
Em nova menção aos americanos, o ditador cubano afirmou que Washington e seus aliados "renovaram os esforços para enterrar o processo de integração regional" e atacou a OEA (Organização dos Estados Americanos).
"Jamais esqueceremos que a OEA só tem servido a interesses contrários ao da nossa América, qualificada de Ministério de Colônias dos EUA por [ex-chanceler cubano] Raúl Roa em 1961".
Como alternativa, defendeu a consolidação da Celac (Comunidade dos Estados Latino-Americanos e do Caribe), que tem todos os países das Américas, com exceção de Estados Unidos e Canadá.