Folha de S. Paulo


Preso, ex-ditador Alberto Fujimori segue politicamente ativo no Peru

Aos 77 anos, e padecendo de um câncer de garganta, Alberto Fujimori está preso desde que foi extraditado do Chile, em 2005.

Julgado e condenado por violações a direitos humanos e por corrupção, ainda responde a outros processos, como o caso das esterilizações forçadas de mais de 250 mil mulheres, durante a implementação de seu projeto de "planejamento familiar".

Luis Camacho - 25.out.2013/Xinhua
O ex-ditador peruano Alberto Fujimori, em 2013; ele continua a influenciar a política no país
O ex-ditador peruano Alberto Fujimori, em 2013; ele continua a influenciar a política no país

Fujimori escapou do Peru em 2000, após a eclosão de um escândalo de corrupção que envolvia também o homem-forte de sua administração, Vladimiro Montesinos, chefe da agência de inteligência nacional.

Foi para o Japão, por ter dupla nacionalidade, e tentou renunciar à Presidência por fax. O Congresso não aceitou e o demoveu do cargo por meio de um "impeachment". Porém, numa viagem a Santiago foi preso e enviado para julgamento no Peru.

A condenação, entretanto, não vem limitando, na prática, sua participação política.

Em 2011, Fujimori transformou sua cela numa espécie de comitê de campanha de sua filha Keiko. Entre uma eleição e outra, dedica-se à pintura e a escrever. Amigos que o visitam costumam divulgar seus desenhos, que contêm mensagens dando lições ao "povo peruano".

Nos últimos anos, o agravamento de seu estado de saúde levou seus filhos, encabeçados por Keiko, a pedir um indulto para o pai, sempre negado pelo presidente Ollanta Humala.

Apesar de estar impedido de usar internet, ele lança mão de seus simpatizantes para fazer suas mensagens chegarem às redes.

Nos últimos meses, Fujimori se mostrou contrário ao afastamento de Keiko de lideranças tradicionais fujimoristas e pediu à filha que mantenha um perfil mais discreto, diferente do que ela vem fazendo, se quiser vencer a eleição desta vez.

Desde que tornou oficial sua candidatura neste ano, Keiko tem evitado responder se vai ou não conceder indulto ao pai caso seja eleita.


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