Folha de S. Paulo


Forças da Armênia e do Azerbaijão entram em confronto

Forças da Armênia e do Azerbaijão entraram em confronto neste sábado (2) na região disputada de Nagorno-Garabagh. Os governos de ambos os países culparam o outro pelo início dos confrontos.

Não há informações sobre a extensão dos combates e danos causados.

O governo do território independente diz que um menino foi morto. O Azerbaijão diz que 12 de seus soldados morreram e que cem armênios foram mortos ou feridos. A Armênia não confirma o número.

O porta-voz do Ministério de Relações Exteriores armênio, Artsrun Hovhannisyan, afirmou em perfil do Facebook que as forças do país na região derrubaram um helicóptero militar azeri.

"Há um combate ativo. O Exército armênio lançou um contra-ataque. Há vítimas dos dois lados, mas o lado aposto enfrentou grandes perdas em pessoal e equipamento. Um helicóptero [azeri] foi derrubado", diz a publicação de Hovhannisyan.

Karen Minasyan - 14.nov.2014/AFP
Foto de arquivo mostra forças armênias e de Garabagh em exercício militar na região
Foto de arquivo mostra forças armênias e de Garabagh em exercício militar na região

Mais cedo, o Ministério de Defesa do Azerbaijão negara a derrubada do helicóptero. Em comunicado recente, contudo, o ministério confirmou que uma de suas aeronaves foi derrubada e afirmou que 12 de seus soldados morreram.

O documento diz ainda que mais de cem militares armênios foram mortos ou feridos e que seis tanques e 15 postos de artilharia foram destruídos.

O governo armênio não confirmou as informações.

O ministério azeri disse ainda que o conflito começou quando as forças armênias dispararam morteiros e artilharia pesada pela fronteira.

A região de Nagorno-Garabagh foi o centro de uma guerra entre os dois países que deixou cerca de 30 mil mortos e se estendeu de 1988 até 1994, quando uma trégua foi assinada.

O território fica dentro do Azerbaijão, mas foi declarado um Estado independente e ficou sob controle de militares armênios e separatistas apoiados pelo governo armênio.

As negociações, que contaram com apoio russo, fracassaram em obter um acordo formal de paz e a disputa é considerada um dos "conflitos congelados" da Europa pós-soviética.

O Azerbaijão critica o que considera ocupação armênia sobre 20% de seu território, não só em Nagorno-Garabagh como em outras sete regiões adjacentes.

RÚSSIA PEDE CALMA

O presidente da Rússia, Vladimir Putin, pediu aos dois lados que respeitem o cessar-fogo e "exerçam controle para evitar novas perdas humanas", segundo a agência de notícias Interfax.

O ministro de Relações Exteriores russo, Serguei Lavrov, e o de Defesa, Serguei Shoigu, conversaram por telefone com os colegas armênios e azeri sobre o conflito. Lavrov pediu aos dois que "lidem com a situação para interromper a violência". Já Shoigu pediu "medidas imediatas para estabilizar a situação na zona de conflito".

O Azerbaijão frequentemente ameaça retomar a região com uso da força, e os confrontos na região alimentam preocupações de que o combate possa se expandir para a região do Cáucaso, que é atravessada por importantes oleodutos e gasodutos.

Confrontos na região ocorrem esporadicamente e um episódio similar de violência foi registrado no mês passado.

Na última quarta-feira (30), o secretário de Estado dos EUA, John Kerry, pediu uma solução final ao conflito em conversas com o presidente azeri, Ilham Aliyev.


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