Folha de S. Paulo


Corte europeia respalda decisão de isentar polícia no caso Jean Charles

A Corte Europeia de Direitos Humanos respaldou, nesta quarta-feira (30), a decisão das autoridades britânicas de não acusar criminalmente policiais do país pela morte do brasileiro Jean Charles de Menezes, ocorrida em 2005.

Jean Charles, então com 27 anos, foi morto pela polícia com sete tiros na cabeça, após ter sido confundido com um terrorista, em julho de 2005, no metrô de Londres.

Na época, a polícia estava atrás dos terroristas envolvidos em uma série de atentados em trens e ônibus. Duas semanas antes da morte de Jean Charles, explosões mataram 52 pessoas e feriram outras 700.

Leandro Colon/Folhapress
Protesto em Londres (Reino Unido) marca dez anos da morte do eletricista brasileiro Jean Charles de Menezes pela polícia em uma estação de metrô
Protesto em Londres nos dez anos da morte de Jean Charles de Menezes, no ano passado

Após a morte de Jean Charles, familiares do brasileiro cobraram a responsabilização dos policiais envolvidos diretamente no caso ou de seus superiores. A promotoria britânica, no entanto, sustentava que não havia evidências para agir contra indivíduos específicos.

Em 2007, a Scotland Yard, polícia metropolitana de Londres, foi considerada culpada pelos erros na operação e teve que pagar multa de £ 175 mil, mas ninguém foi criminalmente punido.

No ano passado, dez anos após a morte do brasileiro, familiares de Jean Charles apresentaram ação na Corte Europeia de Direitos Humanos buscando responsabilizar os envolvidos.

A defesa do governo britânico reconheceu, junto à corte europeia, que a morte de Jean poderia ter sido evitada e que houve erros da parte da polícia. Entretanto, sustentou a defesa, a morte não deveria ser entendida como assassinato.

Nesta quarta (30), a corte entendeu que a decisão de não responsabilizar policiais não se deveu a erro ou irregularidade nas apurações e que as autoridades realizaram uma investigação completa, concluindo "que não havia evidência suficiente contra qualquer policial para uma acusação".

"É inacreditável que nosso primo, inocente, tenha sido baleado sete vezes na cabeça pela polícia sem ter feito nada de errado e, ainda assim, a polícia não tenha que responder pelos seus atos", declarou Patricia Armani da Silva, prima de Jean.


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