Folha de S. Paulo


Soldado arrastava corpo em aeroporto de Bruxelas, relata sobrevivente

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Testemunhas dos ataques em Bruxelas descreveram cenas de terror no aeroporto internacional de Zaventem, nos arredores da capital belga, que foi alvo de duas explosões nesta terça-feira (22).

"Vi um soldado arrastando um corpo", disse Tom De Doncker, 21, que trabalha na área de check-in e estava perto do local da segunda explosão.

De acordo com Anthony Deloos, funcionário da Swissport que lida com check-in e serviços de bagagem, a primeira explosão aconteceu no balcão da Swissport onde os clientes pagam por bagagem em excesso.

Deloos e um colega falaram que a segunda explosão aconteceu perto de um café do Starbucks.

"Ouvimos uma grande explosão. É como quando você está em uma festa e de repente seu ouvido estala por causa de um forte ruído", disse Deloos, acrescentando que papel picado voou pelo ar enquanto um colega falava para que corresse.

"Pulei para um rampa de bagagem para me proteger", disse.

Zach Mouzoun, que chegou em um voo de Genebra cerca de dez minutos antes da primeira explosão, afirmou à TV BFM que a segunda detonação, mais forte, derrubou os tetos e rompeu canos, misturando água com o sangue das vítimas.

"Foi horrível. Os tetos caíram", disse. "Havia sangue por todos os lados, pessoas feridas, bagagens em todos os lugares."

"Caminhávamos sobre escombros. Era um cenário de guerra", afirmou.

Os ataques no aeroporto e no sistema de metrô de Bruxelas deixaram dezenas de mortos e quase 200 feridos, aumentando o alerta de segurança em toda a Europa.

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"Estamos em guerra", afirmou o premiê francês, Manuel Valls, depois de um encontro de crise convocado pelo presidente francês, François Holland. "Nos últimos meses, temos sido alvo na Europa de atos de guerra", afirmou, em um referência aos ataques de novembro e de janeiro do ano passado na França.

As autoridades de segurança europeias vinham se preparando por um grande ataque havia semanas, e alertaram que a facção Estado Islâmico vinha se preparando para um ato terrorista.

A prisão de Salah Abdeslam, suspeito-chave nos ataques em Paris, reforçou esses temores, já que, segundo investigadores, há mais pessoas envolvidas nos atentados na capital francesa do que se acreditava originalmente. Alguns deles ainda estão foragidos.

O premiê belga, Charles Michel, afirmou que ainda não há evidências vinculando Abdeslam às ações. Depois de sua prisão, na sexta-feira (18), Abdeslam disse às autoridades que havia criado uma nova rede e planejava novos ataques.

Michel condenou os "atentados cegos, violentos e covardes" desta terça. "Temíamos um atentado terrorista e ocorreu", afirmou Michel durante uma coletiva, na qual pediu à população "tranquilidade e solidariedade". 

Ataque em Bruxelas

"É um momento trágico, um momento negro para o reino", afirmou.

Bruxelas foi a base de organização dos terroristas que cometeram os ataques de novembro em Paris, que deixaram 130 mortos e foram reivindicado pelo EI.

REAÇÃO

Os aeroportos Roissy-Charles-de-Gaulle, na região de Paris, e o de Frankfurt reforçaram nesta terça-feira (22) as medidas de segurança após as explosões no aeroporto internacional de Bruxelas. O aeroporto londrino de Gatwick também reforçou a segurança após as explosões.

As unidades de luta antiterrorista da Holanda anunciaram o reforço das medidas de segurança nos aeroportos de todo o país e o governo belga está enviando 225 tropas para reforçar a segurança da capital.

"O Metro estava saindo da estação Maelbeek para Schuman, quando houve uma explosão muito alto", disse Alexandre Brand, 32, limpando o sangue de seu rosto. "Foi o pânico em toda parte. Havia um monte de pessoas no metrô."


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