Folha de S. Paulo


Fugitivo capturado na Bélgica desistiu de ataque suicida em Paris

Associated Press
Salah Abdeslam, acusado pelas mortes dos ataques terroristas de Paris
Salah Abdeslam, acusado pelas mortes dos ataques terroristas de Paris

O francês de origem marroquina Salah Abdeslam, 26, um dos principais organizadores dos atentados terroristas em Paris em novembro, teria planejado um ataque suicida para aquele dia, mas desistiu.

Segundo o procurador francês François Molins, Abdeslam, que foi detido na última sexta (18) em Bruxelas, disse aos investigadores belgas que "ele queria se explodir no Stade de France e depois desistiu", afirmou.

O estádio foi o local dos primeiros ataques em 13 de novembro. O papel de Abdeslam na ação terrorista foi logístico: ele dirigiu o carro que levou três terroristas até a entrada do Stade de France, onde eles se explodiram enquanto jogavam as seleções de futebol da França e da Alemanha.

A série de ataques ao estádio, a restaurantes e bares e à casa de shows Bataclan 130 mortos.

Abdeslam foi detido na Bélgica, e agora a França tenta acelerar seu processo de extradição. Neste sábado, o Ministério da Justiça francês disse que foi expedida uma nova ordem de prisão na Europa –que, neste caso, é, na prática, um pedido de extradição. Uma primeira ordem de prisão havia sido expedida logo após os ataques.

O ministério francês deu às autoridades belgas um prazo máximo de dois meses –ou três, no caso de haver apelação por parte de Abdeslam– para enviá-lo à França. Os procuradores belgas disseram, mais cedo, a jornalistas que a expectativa é de que o ele seja, de fato, extraditado.

O advogado de defesa de Abdeslam, Sven Mary, disse neste sábado (19) que eles vão "recusar a extradição". "Ele está cooperando com a Justiça belga", disse o advogado.

Especialistas dizem que a negativa do acusado dificilmente terá êxito, mas lhe dará mais tempo para se preparar para uma eventual defesa.

Também neste sábado, Abdeslam e um segundo homem preso com ele na sexta-feira foram acusados formalmente de "participação em assassinato terrorista" e de participar de atividades de uma organização terrorista.

Abdeslam foi baleado na perna durante troca de tiros em um apartamento de Molenbeek, bairro de Bruxelas onde se planejaram os atentados. Testemunhas ouviram explosões durante a ação.

A operação começou pouco depois de promotores belgas confirmarem que as impressões digitais colhidas em outro apartamento durante uma ação policial na última terça (15) eram de Abdeslam.

Ele teria conseguido fugir do cerco que terminou com um morto, identificado como Mohamed Belkaid, também citado como participante dos ataques na capital francesa.

Abdeslam é o único ainda vivo entre os dez principais envolvidos diretamente na organização e execução dos ataques a Paris -todos os outros morreram como suicidas ou perseguidos pela polícia. Um deles era seu irmão, Brahim.

FUGA

Nascido na França, de origem marroquina, mas criado na Bélgica, Abdeslam vinha sendo procurado desde que conseguiu fugir de carro de volta para território belga.

Na manhã seguinte aos ataques, ele chegou a ser parado por um bloqueio policial na estrada em Cambrai, perto da fronteira com a Bélgica, mas foi liberado.

Abdeslam teria ainda escapado da polícia belga dois dias depois dos ataques porque os agentes tiveram de respeitar uma lei local que os proibia de fazer operações em residências depois das 21h.

Em 2010, ele já havia sido preso por assalto à mão armada, junto com Abdelhamid Abaaoud, que viria a ser um dos coordenadores da ação em Paris. O suspeito havia sido trinado pelo Estado Islâmico na Síria antes do ataque.

Abaaoud foi morto junto com um primo, também envolvido nos atentados, durante uma operação perto da capital francesa, cinco dias depois dos ataques.


Endereço da página:

Links no texto: