Folha de S. Paulo


Grupo curdo reivindica atentado que matou 37 na Turquia no domingo

O grupo radical curdo Falcões da Liberdade do Curdistão (TAK), próximo aos rebeldes do Partido dos Trabalhadores do Curdistão (PKK), reivindicou nesta quinta (17) a responsabilidade pelo atentado que deixou 37 mortos no domingo em Ancara, capital da Turquia.

"Em 13 de março, à noite, um ataque suicida foi realizado às 18h45 nas ruas da capital da república turca fascista. Nós reivindicamos este ataque", informou o grupo em um comunicado publicado na internet.

Em meio ao clima de alerta e medo que reina na Turquia desde domingo, a Alemanha decidiu nesta quinta fechar suas representações no país por razões de segurança. Esta medida excepcional afeta a embaixada, em Ancara, e o consulado-geral e o instituto alemão, em Istambul.

No dia 12 de janeiro, 12 turistas alemães foram mortos em outro ataque suicida no centro histórico e turístico de Istambul, perto da basílica de Santa Sofia e da mesquita Azul. O governo culpou a facção Estado Islâmico pelo ataque.

Murad Sezer/Reuters
 police officer stands guard in front of the German Consulate, which is closed on indications of a possible imminent attack, in Istanbul, Turkey March 17, 2016. REUTERS/Murad Sezer ORG XMIT: IST11
Policial em frente ao Consulado-Geral da Alemanha em Istambul, nesta quinta

O grupo TAK disse que o ataque de domingo foi uma resposta às operações das forças turcas em várias cidades curdas no sudeste do país, onde os curdos haviam proclamado sua autonomia. Estas intervenções deixaram dezenas de civis mortos.

"Esta ação foi realizada para vingar os 300 curdos mortos em Cizre e os nossos civis feridos", disse o comunicado. "Queremos pedir desculpas pelas vítimas civis que não têm nada a ver com a guerra suja conduzida pelo Estado turco fascista", informou o grupo.

Em seu comunicado, o TAK mostrou a foto de uma mulher, Seher Cagla Demir, conhecida por Doga Jiyan, 24 anos, apresentada como a autora do ataque, o que confirma o que havia sido divulgado pelas autoridades turcas.

De acordo com o Ministério do Interior da Turquia, a terrorista suicida havia sido treinada na Síria pelas Unidades de Proteção do Povo (YPG), braço armado do principal partido curdo na Síria, considerado "terrorista" pela Turquia.

PKK NEGA LIGAÇÃO COM TAK

Protegidos por um impressionante dispositivo de segurança, o primeiro-ministro turco, Ahmet Davutoglu, e sua mulher, Sare, colocaram nesta quinta cravos vermelhos no local do ataque de domingo.

O grupo TAK já tinha reivindicado a autoria do ataque suicida de 17 de fevereiro contra um comboio militar que causou 29 mortes. Ele também reivindicou a responsabilidade pelo ataque ao aeroporto Sabiha Gökçen, em Istambul, em 23 de dezembro, quando uma pessoa morreu.

O PKK, porém, nega qualquer ligação com o TAK, responsável por vários ataques sangrentos em locais turísticos.

No ano passado, recrudesceram os combates entre as forças de segurança turcas e o PKK em muitas cidades do sudeste do país, de população maioritariamente curda.

Os conflitos puseram fim à frágil trégua entre o governo e o PKK, que realiza uma insurreição armada desde 1984.

O presidente turco, Recep Tayyip Erdogan criticado por não impedir esses ataques, voltou a atacar os que considera cúmplices do terrorismo, incluindo políticos, jornalistas e intelectuais.

Erdogan pediu ao Parlamento, onde seu partido tem maioria absoluta, que levante "rapidamente" a imunidade de cinco deputados do Partido Democrático do Povo (HDP, pró-curdo), perseguidos por "propaganda" em favor do PKK, considerado ilegal.


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