Folha de S. Paulo


Trump defende legalização da tortura para fortalecer EUA contra terroristas

Menos de 48 horas depois de dizer que, caso fosse eleito à Presidência dos EUA, nunca instruiria militares a desobedecerem a lei, o pré-candidato republicano Donald Trump voltou a defender o uso da tortura.

Evitando uma contradição, explicou: quer que a prática seja legalizada.

Não é a primeira vez que o magnata se pronuncia sobre o tema. Trump já havia dito que era a favor do uso de waterboarding (técnica que simula afogamento) em novembro do ano passado e em fevereiro deste ano.

Trump defende legalização da tortura

Durante entrevista ao programa CBS "Face the Nation", gravado no sábado (5), Trump disse que é o próprio waterboarding que, "no mínimo", deve ser legalizado.

"Nós temos um inimigo no Oriente Médio [a facção terrorista Estado Islâmico] que está decapitando pessoas e as afogando em gaiolas. Nós temos um inimigo que não joga de acordo com as leis. Quando falamos sobre leis, eles riem da nossa cara. Temos que reforçar as leis para que possamos combatê-los. Eu sempre obedeceria a lei, mas gostaria que a lei fosse expandida. Nós devemos usar algo mais forte do que temos agora. Hoje o waterboarding não é permitido, até onde eu sei. Eu quero que, no mínimo, ele seja permitido."

Para o pré-candidato, a proibição do uso da tortura é resultado do enfraquecimento da nação: "[Hoje não usamos o waterboarding] porque ficamos muito fracos e ineficazes. É por isso que ainda não derrotamos o Estado Islâmico. É essa mentalidade".

CONSENSO?

Principal adversário de Donald Trump na disputa pela candidatura republicana, o senador Ted Cruz tampouco condena a prática de waterboarding. Em debate televisionado no dia 6 de fevereiro, disse que, sob a definição "geralmente reconhecida" de tortura, não se pode considerar o afogamento simulado como tal. No entanto defendeu que seu uso não deveria ser "generalizado".

O waterboarding foi utilizado pela administração do presidente George W. Bush para extrair informações de suspeitos detidos após os atentados de 11 de Setembro. A prática foi proibida por Barack Obama pouco depois de ele chegar ao poder, em 2009.

Um relatório do Senado americano concluiu, em 2014, que as principais informações coletadas sobre a rede terrorista Al Qaeda, "entre elas as que levaram à operação contra Osama Bin Laden em 2011", não foram obtidas via métodos de tortura.


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