Yoweri Museveni, 71, no poder há 30 anos, foi reeleito presidente de Uganda para um quinto mandato de cinco anos, anunciou a Comissão Eleitoral neste sábado (20).
"A comissão declara que o candidato Yoweri Kaguta Museveni, que obteve mais de 50% dos votos apurados, foi eleito presidente da República de Uganda", declarou seu presidente, Badru Kiggundu.
"O resultado de uma eleição pode romper ou construir um país (...). Como ugandenses, preparemo-nos para mostrar mais tolerância", acrescentou Kiggundu.
Museveni venceu a eleição, realizada na quinta-feira (18), com 60,75% dos votos, muito à frente de seu principal rival, Kizza Besigye (35,37%). O ex-primeiro-ministro Amama Mbabazi recebeu apenas 1,43% dos votos.
Dos 15 milhões de eleitores registrados, 9.701.738 votaram, uma participação de 63,5%.
| Carl de Souza/AFP | ||
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| Em Campala, policiais removem barricada erguida por opositores do presidente Yoweri Museveni |
A oposição, que acusa a Comissão Eleitoral de ser partidária do regime e de encobrir suas fraudes, não reconhece a vitória de Museveni.
O Fórum para a Mudança Democrática (FDC), partido de Besigye, apelou neste sábado aos "ugandeses e à comunidade internacional que rejeitem e condenem a fraude cometida".
Besigye declarou que, "se ratificarem estas eleições fraudulentas, tenham coragem de admitir que não se preocupam com a democracia e com os direitos humanos na África".
A imparcialidade da Comissão Eleitoral também tem sido questionada por observadores da União Europeia e do Commonwealth.
A reeleição de Yoweri Museveni, no entanto, era esperada. Ele venceu no primeiro turno nas quatro eleições anteriores, com 75% dos votos em 1996, 69% em 2001, 59% em 2006 e 68% em 2011.
O partido de Museveni, o Movimento de Resistência Nacional (NRM), comemorou o resultado.
"Isto confirma que os nossos adversários não conseguiram oferecer nenhuma alternativa", declarou seu porta-voz, Mike Sebalu.
No poder desde 1986 –depois de derrubar o autocrático Milton Obote—, Museveni segue muito popular no país e se beneficia do poder financeiro e da experiência eleitoral do seu partido
Enquanto os resultados eram anunciados, Kizza Besigye foi colocado sob vigilância policial em sua casa, depois de ter sido preso no dia anterior.
A forte presença da polícia também foi notada em frente à sede do FDC, diante da casa de Amama Mbabazi, e mais amplamente nas ruas de Campala.
Com 37 milhões de habitantes, Uganda, no leste da África, nunca experimentou uma mudança política pacífica desde a independência do Reino Unido, em 1962.