Folha de S. Paulo


Negócios com energia alternativa vão melhor que o esperado, diz Al Gore

Em 2006, o ex-vice-presidente americano e Nobel da Paz Al Gore subiu ao palco do TED, um evento que reúne ideias inovadoras, para alertar o mundo sobre as consequências do aquecimento global, com imagens poderosas do documentário "Uma Verdade Inconveniente", ganhador do Oscar e baseado em seu livro de mesmo nome.

"Dez anos atrás, um homem veio ao TED e eletrizou a plateia com sua apresentação. Ele persuadiu muitas pessoas aqui mesmo a largar seus empregos e a se jogar nesta questão. E muitos continuam", disse Chris Anderson, o organizador da conferência anual, que durou uma semana e termina na sexta-feira em Vancouver.

Bret Hartman/TED
O ex-vice-presidente dos EUA Al Gore faz palestra na conferência TED 2016, em Vancouver
O ex-vice-presidente dos EUA Al Gore faz palestra na conferência TED 2016, em Vancouver

Desta vez, sua volta ao mesmo espaço foi para dar boas novas e mostrar como estamos caminhando na direção de solução reais, ajudadas pelo fato de que o custo de energias renováveis caiu 10% anualmente nos últimos 30 anos.

Em 2000, as melhores projeções davam conta de que o mundo seria capaz de instalar 30 gigawatts de energia eólica até 2020, mas esta marca já foi ultrapassada mais de 14 vezes, afirmou Al Gore, que lidera a organização sem fins lucrativos Climate Reality Project, dedicada a resolver problemas climáticos.

Outras projeções diziam que apenas um gigawatt de energia solar seria produzido por ano até 2010. "Batemos esta meta 17 vezes", falou Al Gore na quarta-feira. "Energia renovável é a maior oportunidade de novo negócio na história do mundo."

Poluição

O ativista e autor de 67 anos também trouxe dados preocupantes, como o fato de que a poluição global criada pelo homem gerar um aquecimento similar à explosão de 400 mil bombas atômicas diariamente. "Toda noite no noticiário é como uma caminhada pelo Livro da Revelação", disse, mostrando imagens de cidades transbordando com chuvas torrenciais.

A epidemia de zika foi citada como tendo potencial de sair dos trópicos e se espalhar pelo hemisfério Norte por conta das mudanças que afetam o alcance dos mosquitos transmissores.

"Quando mulheres são alertadas para não engravidar por dois anos, algo novo está acontecendo, e precisamos prestar atenção", disse.

O aquecimento global foi tema de outra apresentação do dia, liderada pela costa-riquenha Christiana Figueres, secretária-executiva da ONU para a Convenção do Clima.

Ela começou falando sobre seu pessimismo após o fracasso das negociações em Copenhague, em 2009: "Não achava que aconteceria um acordo durante minha vida", disse Figueres. "Mas impossível não é um fato, e sim uma atitude."

Em dezembro, 195 países assinaram o Acordo de Paris, uma iniciativa histórica com medidas estabelecidas para atacar o problema.

"Sou a primeira a reconhecer que temos muito a fazer. Mas acredito que conseguimos, nos últimos seis anos, passar da fase do impossível para o imparável."


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