Folha de S. Paulo


Cuba e EUA assinam acordo para retomar voos comerciais

Cuba e Estados Unidos assinaram um acordo nesta terça (16) que dá sinal verde à retomada de voos entre os dois países pela primeira vez em mais de 50 anos. O departamento dos Transportes dos EUA considerou o entendimento "um grande passo adiante" na política do presidente Barack Obama de aprofundar as relações com Cuba, após o restabelecimento de laços diplomáticos anunciado em 2014.

Em outro passo adiante na reaproximação econômica, o governo Obama aprovou a instalação da primeira fábrica americana em Cuba desde o rompimento das relações, em 1961. Uma empresa do Alabama construirá cerca de mil tratores por ano no país, num investimento estimado entre US$ 5 milhões e US$ 10 milhões.

O acordo aéreo, concluído em dezembro após meses de negociação, permitirá até 110 vôos diários entre os EUA e dez aeroportos de Cuba, segundo fontes do governo americano. Várias empresas aéreas americanas já anunciaram que estão interessadas em explorar a rota.

"Em todo o mundo, vemos que a expansão das rotas aéreas fortalece os laços culturais e econômicos entre os países. E isso certamente também será verdadeiro aqui", disse o subsecretário de Estado americano para assuntos econômicos, Charles Rivkin, em Havana, onde o acordo foi assinado.

Não é o fim da proibição a viagens de turismo para cidadãos dos EUA, parte do embargo econômico a Cuba, que só pode ser revogado pelo Congresso.

Pela legislação atual, só podem visitar Cuba americanos que se enquadram em uma das 12 categorias sancionadas pelo presidente Obama. Entre elas estão jornalismo, pesquisa e educação.

O pacto aéreo reaviva questões ainda sem solução da relação bilateral, entre elas as desapropriações ocorridas em Cuba, após a Revolução Cubana.

José Ramón López, que vive exilado em Miami, é filho do antigo dono do aeroporto de Havana, que passou para o controle dos comunistas com a vitória da revolução, em 1959. Ele acha que o acordo para o uso comercial do aeroporto por empresas aéreas dos EUA torna ainda mais evidente que ele, como herdeiro do ex-proprietário, merece ser indenizado.

"O aeroporto de Havana é propriedade privada: minha", disse López ao "New York Times".


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