Folha de S. Paulo


Ex-chanceler Luiz Felipe Lampreia morre aos 74 anos no Rio

O ex-chanceler brasileiro Luiz Felipe Lampreia morreu nesta terça-feira (2), no Rio de Janeiro, aos 74 anos.

Sociólogo e diplomata de carreira, Lampreia foi o primeiro chanceler do governo Fernando Henrique Cardoso, ocupando o posto de janeiro de 1995 a janeiro de 2001, quando deixou o ministério alegando razões pessoais.

Lampreia, que se tratava de um tumor no pulmão, teve uma série de complicações após uma cirurgia realizada no último dia 18. Ele morreu no Hospital Pró-Cardíaco, na capital fluminense.

Leo Pinheiro - 13.out.2003/"Valor"
13/10/2003 - BRASIL LUIZ FELIPE LAMPREIA ( EMBAIXADOR, PRESIDENTE DO CONSELHO CURADOR CENTRO BRASILEIRO DE RELACOES INTERNACIONAIS - CEBRI ) ASSUNTO: SEMINARIO NEGOCIACOES A EXPERIENCIA INTERNACIONAL FOTO: LEO PINHEIRO/VALOR REPORTER: FRANCISCO GOES ***FOTO DE USO EXCLUSIVO FOLHAPRESS***
O ex-chanceler do Brasil Luiz Felipe Lampreia, que morreu nesta terça (2), aos 74 anos

Lampreia era formado em sociologia pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro. Em 1962, ingressou no Instituto Rio Branco e serviu como embaixador no Suriname, em Portugal e em Genebra, onde esteve à frente da missão do Brasil junto à OMC (Organização Mundial do Comércio) e a outros organismos internacionais.

Foi secretário-geral do Itamaraty nos governos de Fernando Collor e Itamar Franco, e assumiu interinamente o ministério entre maio e julho de 1993, quando saiu o então chanceler Fernando Henrique Cardoso, e antes de Celso Amorim assumir em seu primeiro mandato.

Em nota, a presidente Dilma Rousseff disse ter recebido com profunda tristeza a notícia da morte de Lampreia. "Neste momento de grande pesar, transmito minhas condolências aos familiares e amigos do ex-ministro, recordando sua contribuição para o Brasil, ao longo de quase quatro décadas de trabalho dedicado ao serviço público", afirmou.

O Itamaraty lamentou, em comunicado, a morte do ex-chanceler, que teve "destacada atuação no tratamento de temas financeiros, econômicos e comerciais e registrou em diversas obras a sua importante experiência como diplomata brasileiro".

"Os funcionários do ministério que, no Brasil e no exterior, sempre admiraram as qualidades pessoais e profissionais do embaixador Luiz Felipe Lampreia, unem-se no sentimento de perda e dor pela partida prematura do ex-chefe, colega e amigo, e transmitem aos seus familiares os seus mais sentidos pêsames e a certeza de que a sua memória e o seu o exemplo continuarão presentes no Itamaraty, guiando-os no serviço ao país, a que o embaixador Lampreia tanto se dedicou."

"Deixa entre os funcionários do Itamaraty um exemplo de hábil negociador, sempre em defesa do interesse público e do Brasil, e a lembrança de um colega respeitado e querido", diz o texto.

O ex-chanceler e ex-ministro da Defesa Amorim também comentou, com tristeza, a morte do ex-colega, a quem "sempre teve em alta consideração". "Sucedi Luiz Felipe Lampreia como embaixador em Genebra, secretário-geral e ministro das Relações Exteriores (e vice-versa). Posso dar testemunho da elevada reputação de que gozava entre seus pares de outros países", disse, em nota.

"Lampreia e eu mantínhamos relação de respeito e lealdade recíprocos, nas várias posições que ocupamos, independentemente de nossas eventuais diferenças políticas", afirmou Amorim. Lampreia sempre foi bastante crítico à política externa do governo Lula.

Para o embaixador Marcos de Azambuja, que antecedeu Lampreia no posto de secretário-geral do Itamaraty e seguia sendo um de seus grandes amigos, o Brasil "perdeu um grande homem, um grande embaixador".

Após seis anos à frente da chancelaria brasileira, Lampreia foi, em 2001, para o Cebri (Centro Brasileiro de Relações Internacionais), think tank dedicado à política e ao comércio exterior e sediado no Rio. Agora, era vice-presidente emérito do centro.

"O Itamaraty, ao qual dediquei a maior parte de minha vida, continuará a ser, para mim, a referência fundamental. Referência de qualidade, de dedicação à causa pública, de serviço ao país", disse Lampreia, em carta, ao se despedir dos funcionários do ministério em 2001.

Lampreia deixa a mulher, Karla, três filhas e cinco netos.


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