Folha de S. Paulo


Morre ex-presidente de El Salvador que estava preso por corrupção

Oscar Rivera - 24.nov.2014/Efe
ES1001. SAN SALVADOR (EL SALVADOR), 30/01/2016.- Fotografía de archivo del 24 de noviembre de 2014 del expresidente salvadoreño Francisco Flores en una audiencia en San Salvador (El Salvador). Flores, procesado por delitos de corrupción, falleció hoy, sábado 30 de enero de 2016, en San Salvador a los 56 años de edad, después de 6 días en estado de coma clínico. EFE/Oscar Rivera ORG XMIT: ESA1001
O ex-presidente de El Salvador Francisco Flores em foto de arquivo de novembro de 2014

O ex-presidente de El Salvador, Francisco Flores, 56, processado por corrupção, morreu neste sábado (30) no Hospital da Mulher de San Salvador, onde foi internado em coma clínico há seis dias.

Flores, que governou El Salvador, na América Central, entre 1999 e 2004, era acusado de se apropriar de US$ 5 milhões (cerca de R$ 20 milhões) e desviar outros US$ 10 milhões (R$ 40 milhões) de doações de Taiwan destinadas a obras de reconstrução e de atendimento a vítimas de dois terremotos que afetaram o país em 2001.

O ex-presidente estava em prisão domiciliar em sua casa e esperava um julgamento que foi adiado pelo Juizado de San Salvador, no dia 7 de janeiro e estava pendente até que se decidisse como participariam testemunhas que vivem no exterior.

A morte do ex-presidente aconteceu por volta das 22h de sábado no horário local (2h do domingo em Brasília), menos de uma semana depois de sofrer uma obstrução arterial em sua casa, onde estava em prisão domiciliar, pelos delitos de peculato, enriquecimento ilícito e desobediência a terceiros.

"Ele sofreu uma terrível crise em sua saúde, provocada por um injusto ataque político que atropelou seus direitos fundamentais", lamentou sua mulher e ex-primeira-dama Lourdes de Flores, em entrevista coletiva do lado de fora do hospital.

A esposa informou que o funeral do ex-presidente será realizado de "forma humilde" por decisão da família, sem as honras de Estado a que tem direito.

O corpo do ex-presidente foi transportado neste domingo, sob forte esquema de segurança, a uma casa funerária em uma área residencial na periferia sudoeste da capital. Na segunda-feira será realizada uma missa de corpo presente na Basílica La Ceiba de Guadalupe em San Salvador.

Especialistas do hospital Rosales fizeram na quarta-feira (27) um check-up no ex-chefe de Estado, e determinaram que ele sofreu um infarto com edema cerebral severo da artéria média esquerda e que isso provocou uma deterioração neurológica irreversível.

DOLARIZAÇÃO

Flores, quase dois anos depois de tomar posse como presidente, impulsionou várias reformas para a economia salvadorenha, mas a mais ousada e pela qual recebeu o apoio do setor empresarial, mas também críticas da oposição, foi a dolarização da economia em janeiro de 2001.

Desde então, o dólar passou a substituir o Colon salvadorenho, que gradualmente desapareceu, tornando-se um mero artigo de colecionador.

Logo após a entrada em vigor do dólar como moeda legal na economia, o país sofreu dois terremotos, o primeiro em 13 de janeiro de 2001 e o segundo em 13 de fevereiro, o que representou um enorme desafio para o governo Flores, que recebeu enorme apoio da comunidade internacional para responder às necessidades da população.

PROCESSO

O advogado de Flores afirmou que, com a morte, o processo penal ficaria "definitivamente suspenso", para dar lugar a um "processo civil que teria que ser determinado" pelo juizado correspondente, em caso de existir.

Ramón Villalta, diretor-executivo de uma das organizações com representação na denúncia, explicou que "a responsabilidade e o processo penal contra ele terminam", mas não sua "obrigação civil" pelas acusações de corrupção.

"A responsabilidade civil terá que ser determinada" e "caso venha a existir, terá que se seguir um procedimento para a recuperação, por parte do Estado, desses bens", acrescentou Villalta.


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