Folha de S. Paulo


Ex-prefeito de NY, Michael Bloomberg cogita Casa Branca, diz jornal

Stephane Mahe/Reuters
Michael Bloomberg, ex-prefeito de Nova York, estuda concorrer à Presidência
Michael Bloomberg, ex-prefeito de Nova York, estuda concorrer à Presidência

O empresário Michael Bloomberg, ex-prefeito de Nova York (2002-2013), planeja aproveitar uma "potencial abertura" na disputa presidencial americana para concorrer à Casa Branca, segundo reportagem divulgada neste sábado (23) pelo jornal "The New York Times".

De acordo com a publicação, Bloomberg, 73, teria instruído seus conselheiros a elaborar planos para uma campanha independente à corrida presidencial, aproveitando a liderança do magnata Donald Trump na disputa à candidatura republicana e também a atual indefinição do lado democrata, após o senador Bernie Sanders, de Vermont, ameaçar o favoritismo de Hillary Clinton.

Se os republicanos escolherem Trump ou o senador Ted Cruz, do Texas (ambos considerados conservadores), e os democratas optassem por Sanders, Bloomberg poderia entrar na disputa. Caso Hillary vencesse a corrida democrata, afirma um aliado da ex-secretária de Estado americana, Bloomberg poderia optar por ficar de fora, por considerar que seria uma "missão suicida".

No passado, o empresário já considerou concorrer à Casa Branca em uma terceira via, mas sempre chegava à conclusão de que não tinha chances de vencer. Mas a convergência de eventos improváveis nas eleições de 2016, no entanto, teria dado novo fôlego às aspirações presidenciais de Bloomberg, diz o "NYT". Ele mudou sua filiação partidária de republicano a independente em 2007.

O jornal afirma que Bloomberg já adotou medidas concretas para uma possível campanha e indicou a amigos e aliados que poderia gastar no mínimo US$ 1 bilhão de sua fortuna nela. Como comparação, Barack Obama gastou US$ 722 milhões em sua reeleição, em 2012, e a quase totalidade desse dinheiro veio de doações de campanha.

Na corrida atual, segundo dados da Comissão Eleitoral Federal (FEC, na sigal em inglês) até 30 de outubro de 2015, todos os pré-candidatos democratas e republicanos já haviam arrecadado US$ 269,5 milhões. Mas só Donald Trump, também bilionário como Bloomberg, tem um porcentual considerável de dinheiro de campanha tirado do próprio bolso: US$ 1,9 milhão de US$ 5,7 milhões até outubro do ano passado —vale lembrar, porém, que Trump usa muito sua já conhecida imagem na TV para obter publicidade gratuita por meio de exposição na mídia e em redes sociais.

O prazo final para que ele tome a decisão, segundo pessoas ouvidas pelo jornal, seria início de março —quando os conselheiros acreditam que ele poderia entrar na corrida e ainda assim se qualificar como candidato independente na disputa nos 50 Estados americanos.

Bloomberg encomendou uma pesquisa em dezembro para saber como se sairia contra Trump e Hillary, e ele pretende conduzir outra rodada após a primária de New Hampshire, em 9 de fevereiro. A intenção é verificar se realmente haveria uma brecha para sua candidatura.

Os conselheiros do ex-prefeito de Nova York já teriam esboçado uma versão do plano de campanha de Bloomberg. Ele seria apresentado como um tecnocrata que resolve problemas e empresário que fez sua própria fortuna e entende a economia. Seria ressaltada também sua gestão bipartidária à frente da Prefeitura de Nova York.

DISPUTA EMBOLADA

Pesquisa divulgada na última quinta-feira (21) mostra que Bernie Sanders abriu vantagem em relação a Hillary na disputa pela candidatura democrata à Casa Branca para a primeira prévia da campanha, que acontecerá no Estado de Iowa (centro-norte dos EUA) dia 1º de fevereiro.

O levantamento, da rede de TV CNN, traz Sanders com 51% da preferência, contra 43% de Hillary no Estado.

Já do lado republicano, a pesquisa confirmou o favoritismo do empresário Donald Trump, com 37% da preferências, seguido pelos senadores Ted Cruz (Texas), com 26%, e Marco Rubio (Flórida), com 14%.

Em escala nacional, Hillary Clinton continua na frente, mas Sanders tem diminuído a diferença.

Em uma pesquisa New York Times-CBS News divulgada na semana passada, a ex-secretária de Estado apareceu com 48% da preferência, contra 41% do senador.

Sem a folgada vantagem que tinha até pouco tempo atrás, beirando os 30 pontos, Hillary intensificou as críticas a Sanders.

Autodeclarado social-democrata e comumente citado como socialista, o senador de 74 anos do Estado de Vermont tem no foco de sua campanha o combate à desigualdade econômica e a promessa de punir os agentes do mercado financeiro por seus excessos.

"Não estou interessada em ideias que parecem boas no papel, mas nunca irão funcionar no mundo real", disse Hillary num comício nesta quinta-feira em Iowa.


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