Folha de S. Paulo


Venezuela terá inflação de 720% e queda de 8% no PIB em 2016, diz FMI

O FMI (Fundo Monetário Internacional) informou nesta sexta-feira (22) que a inflação na Venezuela deverá chegar a 720% em 2016, mais que o dobro da estimativa do fundo para o índice do ano passado.

Segundo o diretor do FMI para o Hemisfério Ocidental, Alejandro Werner, a principal causa para a nova forte elevação dos preços deverá ser a crise econômica e o desabastecimento no país governado por Nicolás Maduro.

Juan Barreto - 21.jan.2016/AFP
Consumidores fazem filas na porta de supermercado em Caracas em busca de alimentos básicos
Consumidores fazem filas na porta de supermercado em Caracas em busca de alimentos básicos

Na avaliação do fundo, a situação econômica, agravada pela queda brusca do preço do petróleo —principal produto de exportação venezuelano—, farão o PIB (Produto Interno Bruto) do país sofrer uma queda de 8%.

A previsão é de retração menor que a prevista para 2015, período para qual o FMI estima um crescimento negativo de 10%. Com isso, a Venezuela sofrerá em dois anos uma redução de 18% no total de suas riquezas.

Em relatório, Werner afirmou que as distorções na política econômica e fiscal venezuelanas já estavam provocando prejuízos à economia antes da queda do preço do petróleo, apontada pelo governo como uma das causas da crise.

"A falta de moeda estrangeira teve como efeito escassez de bens intermediários e desbastecimento generalizado de bens essenciais, incluindo alimentos, que tiveram a consequências trágicas."

Os resultados finais do ano passado ainda não foram divulgados pelo governo venezuelano. Segundo o Banco Central local, a variação em 12 meses do índice de preços ao consumidor chegou a 141,5% em setembro.

Na estimativa do governo, os números entre janeiro e dezembro deverão ficar perto de 200%. O FMI prevê que a cifra no mesmo período chegue a 275%, acima das previsões da administração local.

INFLAÇÃO GALOPANTE - FMI projeta alta de 700% na Venezuela em 2016

RECESSÃO

A recessão venezuelana deverá ser um dos fatores para que a América Latina tenha seu segundo ano de recessão em 2016, algo que não ocorre desde 1980. O principal motivo para a retração será a crise política e financeira no Brasil.

Na semana passada, Nicolás Maduro assinou um decreto de emergência econômica que prevê, dentre outras medidas, a mudança de destinação de recursos estatais e a expropriação de empresas para garantir o abastecimento.

O texto foi considerado constitucional pelo Tribunal Supremo de Justiça, mas ainda deverá passar pela avaliação da Assembleia Nacional, dominada pela oposição desde 5 de janeiro, que dá sinais de que não deve aprová-lo.


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