Folha de S. Paulo


Líder supremo do Irã pede cautela com potências após cumprir acordo nuclear

O líder supremo do Irã, aiatolá Ali Khamenei, pediu nesta terça-feira (19) que se mantenha a vigilância para assegurar que as potências mundiais cumpram seus compromissos no acordo nuclear recém-implementado.

Em suas primeiras declarações públicas desde a revogação das sanções internacionais devido ao programa nuclear de Teerã, a autoridade máxima do país também expressou pessimismo em relação às intenções americanas.

9.jan.2016/AFP
O líder supremo do Irã, aiatolá Ali Khamenei, faz discurso em reunião em Teerã em 9 de janeiro
O líder supremo do Irã, aiatolá Ali Khamenei, faz discurso em reunião em Teerã em 9 de janeiro

Em carta enviada ao presidente Hasan Rowhani e publicada pela mídia estatal, ele pediu ao governo que "tenha cautela até que o outro lado coloque em prática seus compromissos", em referência às potências internacionais.

"Reitero a necessidade de se manter atentos sobre o engano e a traição de países arrogantes, especialmente os EUA, neste assunto e nos outros. Os comentários feitos por alguns políticos americanos são suspeitos", disse.

Khamenei aludia às críticas dos republicanos, adversários do presidente americano, Barack Obama. Eles tentam desde julho minar o acordo nuclear no Congresso por considerar que Teerã não se comprometeria a cumpri-lo.

Outro motivo de preocupação é a continuidade do pacto após 2017, quando Obama deixar a Casa Branca. Diversos pré-candidatos republicanos já afirmaram que pretendem derrubar o acordo assim que assumirem.

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ACORDO NUCLEAR

Para Ali Khamenei, o Irã pagou um preço muito alto para concluir o acordo. A República Islâmica se comprometeu a reduzir seu estoque de material atômico, de instalações e centrífugas destinadas ao enriquecimento de urânio.

No sábado (16), a Agência Internacional de Energia Atômica anunciou que o Irã cumpriu por completo a primeira etapa de redução do seu material nuclear. Por isso, Estados Unidos e União Europeia retiraram parte das sanções.

Horas antes, Irã e Estados Unidos fizeram uma troca de prisioneiros. Dentre os americanos libertados pela República Islâmica, estava o jornalista Jason Rezaian, que havia sido condenado por espionagem.

No dia seguinte, porém, os EUA anunciaram sanções sobre 11 indivíduos e empresas envolvidos no fornecimento de tecnologia usada em um teste de mísseis balísticos realizado pelo Irã em outubro. As novas punições foram condenadas por Teerã.


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