Folha de S. Paulo


Irã tentou barrar saída da família de repórter dos EUA libertado após pacto

As autoridades iranianas "continuaram a manipular" o jornalista do "Washington Post" Jason Rezaian, 39, até o momento em que foi libertado junto a outros quatro americanos em uma troca de prisioneiros no fim de semana, disse seu irmão nesta segunda-feira (18).

Um acordo de troca foi negociado entre Washington e Teerã, mas, no último minuto, as autoridades iranianas tentaram impedir a mulher do jornalista iraniano-americano, Yeganeh Salehi, de deixar o país com ele, disse Ali Rezaian à emissora CNN.

"Os iranianos, como têm sempre feito, continuaram a manipulá-los, continuaram e tentar atrapalhá-los e barrar a saída de Yeggie por algum tempo", declarou Ali em uma entrevista próximo a um hospital militar dos EUA em Landstuhl, na Alemanha.

"Os EUA mantiveram sua posição, de que Yeggie tinha que vir com Jason, e tiraram ela dali", afirmou.

O secretário de Estado dos EUA, John Kerry, disse nesta segunda-feira que um atraso na decolagem do avião que tirou algum dos prisioneiros do Irã foi parcialmente provocado por um "desentendimento temporário" sobre a presença no avião da mãe de Rezaian, Mary, e de sua mulher, que também é jornalista, conforme havia sido combinado. Depois, confirmou-se que elas estavam de fato no avião.

A troca de prisioneiros coincidiu com a derrubada de grande parte das sanções internacionais contra o Irã após a confirmação de que o regime de Teerã cumpriu com exigências de um acordo para conter seu programa nuclear.

Rezaian e dois outros cidadãos iranianos-americanos chegaram no domingo (17) a Landstuhl para exames médicos.

Editores do "Washington Post" viajaram à Alemanha para encontrar Rezaian, que apareceu em uma foto no site do jornal vestindo um moletom cinza e disse estar se sentindo bem.

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"Eu quero que as pessoas saibam que fisicamente eu estou me sentindo bem", disse Rezaian, segundo o jornal. "Eu sei que as pessoas querem ouvir de mim, mas eu quero processar isso por um tempo."

Um dos editores de Rezaian, Doug Jelh, disse à CNN que o jornalista passou 49 dias na solitária antes de ser levado a uma cela de 24 metros quadrados com um companheiro.

"Ele não tinha certeza até a saída de seu avião de que sua agonia tinha acabado, disse Jehl.

AIATOLÁ

Em sua primeira declaração pública desde o fim das sanções contra o Irã, o líder supremo do país, aiatolá Ali Khamenei, expressou "pessimismo" em relação às intenções dos EUA e pediu "atenção sobre as outras partes para que cumpram com seus compromissos" do acordo nuclear.

"Eu reitero a necessidade de estar vigilante sobre fraudes e traições de países arrogantes, especialmente os EUA, nessa questão [nuclear] e em outras", afirmou Khamenei.

18.jul.2015/AP
In this picture released by an official website of the office of the Iranian supreme leader on Saturday, July 18, 2015, Supreme Leader Ayatollah Ali Khamenei delivers his sermon during the Eid al-Fitr prayer at the Imam Khomeini Grand Mosque in Tehran, Iran. Khamenei said a historic nuclear deal with world powers reached this week won't change Iran's policy towards the
Foto de arquivo do aiatolá Ali Khamenei

Menos de 24 horas após a Casa Branca e a União Europeia levantarem as sanções, o governo dos EUA anunciou novas medidas de retaliação contra 11 indivíduos e empresas envolvidos no fornecimento de tecnologia usada em um teste de mísseis balísticos realizado pelo Irã em outubro.

O regime iraniano considerou as novas sanções "ilegítimas" e prometeu desenvolver "mais do que nunca" seu programa de mísseis balísticos e suas capacidades de defesa.


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