Folha de S. Paulo


Três prisioneiros americanos libertados deixam o Irã

Denis Balibouse/Reuters
Homens não identificados desembarcam na Suíça de avião em que viajavam americanos libertados pelo Irã
Homens não identificados desembarcam na Suíça de avião em que viajavam americanos libertados pelo Irã

Três dos cinco prisioneiros americanos libertados neste sábado (16) no Irã deixaram o país persa em um avião suíço, informaram autoridades americanas citadas pelas agências de notícias.

O avião deixou Teerã com o jornalista do "Washington Post" Jason Rezaian, o pastor Saeed Abedini e o ex-militar Amir Hekmati, além de alguns familiares.

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Foto do jornalista Jason Rezaian, do 'Washington Post' ao desembarcar no aeroporto de Genebra
Foto do jornalista Jason Rezaian, do 'Washington Post' ao desembarcar no aeroporto de Genebra

O quarto americano parte do acordo de troca de prisioneiros entre os dois países, Nosratollah Khosravi-Roodsari, não estava a bordo. Seu nome foi o último a ser divulgado pela imprensa oficial iraniana e nada se sabe sobre quem ele é ou o motivo de sua prisão.

Um quinto americano, o estudante Matthew Trevithick, foi libertado fora do acordo. Segundo fontes da Casa Branca citadas pela CNN, ele deixou o Irã no sábado (16).

"Nós podemos confirmar que nossos quatro cidadãos americanos detidos foram libertados e que aqueles que desejavam sair do Irã, saíram", disse um funcionário do alto escalão do governo americano à agência Reuters, sob condição de anonimato.

Parentes dos libertados comemoraram após receber ligações do Departamento de Estado confirmando que eles seguiram para a Suíça e, em seguida, para uma base aérea americana na Alemanha.

"É difícil colocar em palavras como nossa família se sente agora", disse a família do ex-militar Hekmati em comunicado reproduzido pelo jornal "The New York Times".

07.mar.2010/AFP
Imagem de 2010 do pastor cristão Saeed Abedini
Imagem de 2010 do pastor cristão Saeed Abedini

Ex-militar da Marinha dos EUA, Amir Hekmati foi detido em agosto de 2011, quando visitava a família em Teerã, sob acusação de trabalhar para a CIA (Agência Central de Inteligência dos EUA).

A família do jornalista Rezaian também expressou alívio ao saber que ele deixou o país após quase dois anos preso. "Eu estou incrivelmente aliviado que Jason está no seu caminho para casa", disse seu irmão, Ali Rezaian em comunicado, também citado pelo "NYT". "Ele é um jornalista talentoso, que estava simplesmente fazendo seu trabalho de forma honesta, acurada e dentro da lei."

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O ex-militar da Marinha dos EUA Amir Hekmati
O ex-militar da Marinha dos EUA Amir Hekmati

O jornal "Washington Post" também confirmou a soltura de Rezaian e que ele e sua mulher deixaram o país.

Rezaian era chefe da sucursal do "Washington Post" em Teerã quando, em julho de 2014, as forças de segurança iranianas invadiram sua casa e o levaram preso, juntamente com sua mulher, Yeganeh Salehi.

Salehi foi solta, sob fiança, em outubro de 2014. O jornalista foi acusado de espionar o programa nuclear iraniano e de reunir informações sobre violações das sanções internacionais contra o Irã. Ele foi condenado em outubro passado em um julgamento secreto -o Irã nunca revelou detalhes sobre a sentença ou a extensão de sua pena.

DIPLOMACIA

O acordo de troca de prisioneiros foi o ápice de meses de retomada de contatos diplomáticos, conversas secretas e manobras legais entre os dois países. Ele esteve à beira de fracassar em dezembro, quando Washington ameaçou impor novas sanções contra o Irã como resposta a recentes testes de mísseis balísticos.

Ela ocorre à luz da revogação das sanções econômicas impostas por EUA e UE ao Irã, resultado do cumprimento do acordo nuclear fechado em julho passado.

Segundo o pacto, o Irã concordou em desmantelar programas que poderiam ser usados para fabricar armas atômicas em troca do fim das sanções. O pacto coloca várias atividades da nação sob supervisão da AIEA, agência da ONU de energia atômica, por 15 anos, com a opção de que punições sejam reimpostas se o Irã descumprir os compromissos.


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