Folha de S. Paulo


Netanyahu diz que Israel vigiará se Irã cumpre termos do acordo nuclear

O primeiro-ministro de Israel, Binyamin Netanyahu, afirmou neste domingo (17) que o país vai monitorar de perto o Irã para garantir que o país não está violando seus compromissos no acordo nuclear.

Netanyahu foi o maior crítico do acordo, que classificou de erro histórico.

Os EUA e a União Europeia anunciaram neste sábado (16) a revogação de sanções econômicas em vigor há anos contra o Irã, abrindo caminho para o país persa se integrar à economia mundial.

A decisão foi tomada como consequência de acordo nuclear fechado no ano passado, e após a Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), braço da ONU, certificar que o país persa cumpriu as obrigações a que se comprometeu.

Sob o pacto de 14 de julho, o Irã concordou em desmantelar programas que poderiam ser usados para fabricar armas atômicas em troca do fim das sanções. O pacto coloca várias atividades da nação sob supervisão da AIEA por 15 anos, com a opção de que punições sejam reimpostas se o Irã descumprir os compromissos.

Inimigo histórico de Teerã, Israel argumenta que o Irã produzirá uma bomba atômica para atacar o Estado judaico. Por isso, Netanyahu faz intenso lobby internacional e dentro dos EUA para minar qualquer pacto. Ele irritou o presidente americano, Barack Obama, com quem mantém relações um tanto estremecidas, ao ir diante do Congresso discursar contra o acordo.

Em discurso durante a reunião semanal de seu gabinete, Netanyahu disse que a política israelense continua inalterada: impedir que o Irã consiga uma arma nuclear. Ele repetiu ainda seu argumento de que o fim das sanções econômicas fortalece o país persa e leva à maior instabilidade na região.

"O que está claro é que o Irã agora tem mais recursos para dedicar ao terrorismo e à agressão na região e no mundo. Israel está preparado para lidar com qualquer ameaça", disse o premiê.

A reação de Netanyahu aparentemente já era esperada por Teerã. O presidente iraniano, Hassan Rowhani, declarou neste domingo (17) diante do Parlamento nacional que todos estão felizes com o acordo nuclear, menos os sionistas, termo com o qual os iranianos se referem aos israelenses.

"Ao [implementar] o acordo, todos estão felizes exceto os sionistas, belicistas, semeadores de discórdia entre as nações islâmicas e extremistas nos EUA. O resto está feliz", disse.

Atta Kenare/AFP
Presidente iraniano, Hassan Rouhani, faz discurso no Parlamento e elogia acordo nuclear
Presidente iraniano, Hassan Rouhani, faz discurso no Parlamento e elogia acordo nuclear

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