Folha de S. Paulo


Com Irã, Obama almeja superar legados de Nixon, Reagan e Roosevelt

Para o presidente que assumiu em 2009 pregando o diálogo com as nações "inimigas" e pedindo para que os países estendessem suas mãos, o 16 de janeiro de 2016 foi um dia muito feliz.

Com o fim das sanções contra o Irã, Barack Obama demonstra que diplomacia não é sinônimo de tibieza. Pouco a pouco, ele constrói uma presidência com dois grandes trunfos em política externa: Cuba e Irã.

A despeito do ceticismo, no dia 17 de dezembro de 2014, Obama e Raúl Castro anunciaram a reaproximação entre Cuba e EUA, depois de mais de quatro décadas de hostilidades. No ano passado, Washington anunciou várias medidas que facilitam as viagens de americanos à ilha, e o turismo está crescendo.

O acordo nuclear com o Irã também foi recebido com reservas. Muitos duvidavam de que os iranianos tivessem mesmo a intenção de cumprir o acordado e reduzir sua capacidade de produzir energia nuclear para fins militares.

Agora, para coroar seu legado, só falta Barack Obama fechar a prisão de Guantánamo, a maior mancha na reputação dos EUA.

Quando assumiu, Obama disse que isso ocorreria em um ano. O presidente fracassou, mas vem tentando cumprir a promessa a conta-gotas, driblando as restrições do Congresso. Dos mais de 700 detentos originalmente na base, hoje há 93.

Muita gente duvidava de que fosse possível reabrir a embaixada americana em solo cubano ou convencer os iranianos a abrir mão de seu arsenal nuclear.

Se além dessas conquistas, o presidente resolver o problema de Guantánamo, aí sim terá conquistado seu manto de "presidente da diplomacia" e superado jogadas históricas como a reaproximação com a China sob Richard Nixon, o pragmatismo de Ronald Reagan na queda do Muro de Berlim e as conquistas de Franklin Roosevelt na construção das instituições multilaterais do pós-guerra.


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