Folha de S. Paulo


Irã liberta militares dos EUA presos por invadir águas territoriais

O Irã libertou nesta quarta-feira (13) os dez marinheiros dos Estados Unidos detidos no dia anterior por invadirem as águas territoriais do país no golfo Pérsico.

A rápida soltura dos marinheiros foi comemorada pelo governo como um efeito da melhora da relação com Teerã. Os rivais republicanos, porém, interpretaram a captura como um sinal de fraqueza do presidente Barack Obama.

Em nota, a Guarda Revolucionária do Irã afirmou que os marinheiros foram libertados após as autoridades do país concluírem que eles não tiveram a intenção de invadir águas territoriais iranianas.

As Forças Armadas dos Estados Unidos anunciaram que os marinheiros voltaram sem ferimentos e em seus próprios barcos. Inicialmente, o Pentágono havia afirmado que uma das embarcações teve um problema técnico.

A Marinha investiga por que os militares se afastaram do resto da tropa, que fazia exercícios no litoral entre Kuait e Bahrein. Os americanos foram capturados perto da ilha Farsi, território iraniano no meio do golfo Pérsico.

O secretário de Estado americano, John Kerry, agradeceu ao Irã pela libertação dos marinheiros. Ele negociou a libertação por telefone com o chanceler iraniano, Mohammad Javad Zarif.

Para Kerry, a relação com Zarif foi fundamental para a libertação dos prisioneiros. Nos últimos anos, os dois foram os principais negociadores do acordo sobre o programa nuclear iraniano, alcançado em julho passado.

"Todos podemos imaginar que resultado teria uma situação similar três ou quatro anos atrás. A resolução pacífica desse problema comprova o papel crucial da diplomacia em manter nosso país seguro, protegido e forte."

O chefe do gabinete presidencial americano, Denis McDonough, disse que os novos canais são "extremamente importantes" e afirmou que a boa relação entre Kerry e Zarif foi fundamental para a resolução do impasse.

Fabrice Coffrini/ - 8.nov.2013AFP
(FILES) This combination of file photos made in Paris on November 8, 2013 shows two file pictures, one of Iranian Foreign Minister Mohammad Javad Zarif (L) taken on October 16, 2013 in Geneva and one of US Secretary of State John Kerry takenat the NATO Headquarters in Brussels on April 23, 2013. Zarif and Kerry were voted as some of the most influential figures of 2015 by AFP journalists. Sometimes diplomacy, patience and perseverance can find a way out of the most complex of issues. This was the feat of the US and Iranian foreign ministers who, in marathon meetings in Geneva and Vienna, reached a historic compromise to defuse stubborn tensions over Iran's nuclear programme. / AFP / FABRICE COFFRINI AND JOHN THYS ORG XMIT: FAB047
O chanceler do Irã, Javad Zarif (esq.), e seu colega dos EUA, John Kerry

A libertação rápida dos reféns é outro exemplo da abertura maior do presidente Hasan Rowhani em relação a seus antecessores no cargo.

Em 2007, o Irã capturou 15 marinheiros britânicos no golfo Pérsico perto da fronteira com o Iraque. Eles só foram libertados 13 dias, depois de pressão internacional.

A entrega dos militares foi usada como evento de propaganda pelo então presidente Mahmoud Ahmadinejad.

REPUBLICANOS

O incidente diplomático ocorreu poucas horas antes de Obama fazer seu último discurso sobre o Estado da União. Nele, o presidente citou o acordo com Teerã como uma de vitórias da política externa de seu mandato.

Apesar da resolução do incidente em menos de 24 horas, Obama não deixou de ser alvo dos adversários republicanos, principalmente dos candidatos à sua sucessão.

Líder das pesquisas para a indicação republicana, o magnata Donald Trump disse que a captura é uma prova de que os Estados Unidos "não são mais o mesmo país".

O governador da Flórida, Jeb Bush, considerou que não deveria haver negociação com Teerã. "A humilhante política de Obama em relação ao Irã está exposta de novo."

Outro a criticar o presidente foi o senador Ted Cruz. "Qualquer um vê Obama como motivo de chacota.


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